A marcha de protesto contra o assassinato do constitucionalista Gilles Cistac foi hoje interrompida em Maputo pela Força de Intervenção Rápida(FIR), que alegou falta de autorização para o percurso final da manifestação.
Cerca de 30 agentes fortemente armados da FIR interromperam a marcha na Avenida Kenneth Kaunda, no centro da capital, quando centenas de pessoas se dirigiam para a Praça da Independência, a poucos quilómetros do local.
A policia disse que não houve nenhum pedido de manifestação até a Praça da Independência e que a manifestação organizada por estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane terminava perto da universidade, como solicitado.
O jornalista da TIM Alfredo Júnior disse à VOA a partir de Maputo que, na verdade, apenas o pedido dos estudantes da Universidade Eduardo Mondlane terá dado entrada no município, enquanto as organizações da sociedade civil, que pretendiam chegar à Praça da Independência, não terão solicitado a devida autorização.
Para aquele jornalista, a marcha decorreu de forma pacífica, com os participantes a pediram por justiça frente o assassinato do constitucionalista e professor Gilles Cistac, na passada terça-feira, 3 de Março.
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Além dos estudantes, estiveram presentes deputados e políticos da Renamo e do MDM, na oposição, líderes de organizações da sociedades civis e centenas de cidadãos.
Não se registou a presença de nenhum dirigente da Frelimo ou do Governo.
Entretanto, à margem marcha, o ex-director da Polícia de Investigação Criminal (PIC) de Moçambique António Frangoulis disse hoje à Lusa duvidar que os autores do assassínio do constitucionalista Gilles Cistac sejam capturados, embora haja todas as condições para esclarecer o caso.
"Penso que há todas as condições para se chegar aos autores, se imperar a boa vontade. Mas, tal como estamos habituados - e a sensação não é só minha, é de milhões de moçambicanos -, nada vai acontecer. Se acontecer, melhor ainda, vai ser a primeira vez", declarou António Frangoulis.
Para aquele criminalista, a morte de Cistac tratou de "um golpe duro para democracia e para a civilização" e até uma "regressão" nos progressos alcançados nos direitos humanos e cívicos em Moçambique.