LUBANGO - O ambiente de fome a que estão mergulhadas centenas de famílias na região sul de Angola pode ser uma porta aberta para o aumento da criminalidade.
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Numa operação policial realizada recentemente só no município do Lubango, capital da província da Huíla, 19 cidadãos foram detidos no espaço de quatro dias, por envolvimento em crimes de roubo.
Para o Arcebispo do Lubango, Dom Gabriel Mbilingui, por causa da fome, muitos procuram encontrar nos furtos e roubos o caminho aparentemente mais fácil para se livrar do mal, pelo que, é fundamental combater a fome.
“É uma fome que atinge os valores morais da pessoa que não tem mais sentido do outro. É isso que devemos também atacar, por isso estou a insistir em atacar a fome porque com a fome vêm muitos outros vícios e muitos males. A delinquência aumentou porque há gente que procura sobreviver também. Eu não estou a aprovar o roubo, estou a dizer que a necessidade de sobrevivência pode levar a pessoa a perder a cabeça e talvez a cometer crimes que poderiam muito bem ser evitados”, alerta aquele responsável católico.
O aumento do número de pessoas pedintes à entrada dos estabelecimentos comerciais e a volta de contentores de lixo em busca de alimentos é outro indicador para se avaliar o quanto a fome atingiu níveis alarmantes, revela o director-geral da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), Carlos Cambuta.
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O responsável pede políticas públicas urgentes para se inverter o quadro num país com potencial para oferecer melhor aos seus filhos.
“A questão que tem que ver com o elevado índice de criminalidade em algumas cidades é também um indicador de pobreza que temos no país. Mas estamos a falar de um país com potencialidades. É preciso transformar essas potencialidades aproveitando os recursos humanos explorando as parcerias disponíveis”, afirma Cambuta.
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A VOA tentou ouvir tanto o Governo provincial como a Adminisração do Lubango, mas sem sucesso.
O número de pessoas afectadas pela fome na região sul pode subir dos actuais 1,32 milhões para 1,58 milhões até Março de 2022, segundo um inquérito publicado no Lubango pelo projecto de Fortalecimento da Resiliência Alimentar e Nutricional no Sul de Angola (FRESAN).