A fome em Malanje nesta província afecta igualmente as famílias residentes nas sedes municipais e nas zonas rurais.
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Aqui na capital da província, Malanje, alguns habitantes das periferias alegam ter apenas uma refeição ao longo do dia.
Helena Chutela, 30 anos de idade, proveniente do município de Marimba há três anos, cuida da casa de um parente próximo onde vive com outros nove elementos da família no bairro Catepa.
Apesar de depender do campo pouco ou nada tem para alimentar o agregado, onde as crianças em idade escolar estão fora do sistema de ensino no presente ano lectivo 2022/23.
“Estamos a sofrer, os filhos não trabalham, faz biscatos e na casa que estamos a tomar conta não tem luz eléctrica, não tem nada”, disse.
“Se ficamos doente não tem ninguém para ajudar”, lamentou.
A pequena Rita Carlitos, 10 anos de idade, está somente em casa.
“Deveria continuar os estudos na 5ª classe, só pagaram um mês de propinas”, disse
Na Cahala, outro bairro da periferia, Maria Monteiro diz que a situação é precária.
“A comida é de desenrascar e como nós não complicamos o funge tem, agora o peixe se Deus ajudar você tira dois ou três quilos de bombó vai vender sai lá [o dinheiro] do peixe, sai lá óleo”, precisou.
Acácio Jeremias que vive na cidade, bairro Cahala há mais de sete anos disse que “a fome aqui é extrema, as pessoas não têm três refeições por dia”
“ Há muita fome nas famílias, as pessoas sobrevivem mais do campo [agricultura] senão comer funge já não há outra coisa para poder comer”, acrescentou
No bairro Vanvala, onde foi inaugurada esta semana a Escola Primária Nº 177 “Soba Kinzala”, várias dezenas de alunos abandonaram a escola por causa da fome.
“Há muita, muita fome até que muitos dos alunos às vezes desistam, desistam em função mesmo da alimentação”, disse a professora Elsa Calunga
“Eles saem de casa sem o pequeno almoço e vêm mesmo assim para a escola, posto aqui muitos deles ficavam fracos, outros ficavam doentes e levávamos para o hospital”, acrescento.