Fome em Angola ganhou "proporções desafiantes", diz líder cívico

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Toni-A-Nzinga, presidente da plataforma Tchota Angola pede que forças vivas encontram soluções para todos, não para um grupo apenas

A fome em Angola ganhou "proporções desafiantes", com o aumento da pobreza nest ano, apesar das riquezas do país, disse nesta terça-feira, 26, o presidente da plataforma de organizações não governamentais angolanas Tchota Angola.

"Este ano a pobreza está mais forte (...), todos precisam de refletir com seriedade este fenómeno da fome que assola o nosso país. Mesmo com a exploração permanente dos recursos, mesmo após o fim da guerra civil há 22 anos, a fome aperta e dos desafios são maiores", afirmou Toni-A-Nzinga na abertura da Conferência Nacional Sobre Recursos Naturais: Fome e Riqueza, que decorre até quinta-feira, 28.

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Aquele líder cívico e pastor evangélico pediu às forças vivas do país para "encontrarem soluções para os problemas de hoje" e “não apenas um grupo de cidadãos que dirige o país”.

Toni-A-Nzinga, que destacou as enormes riquezas de Angola, sublinhou que elas devem “refletir-se na melhoria das condições de vida dos cidadãos e não nas viaturas e casas de luxo que construímos”.

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Na sua intervenção, ele questionou também o programa anunciado para marcar o 50o. aniversário da Independência Nacional em 2025, perguntando "isto é celebração" quando "milhares de cidadãos vivem em condições miseráveis”.

"Não estamos independentes”, subinhou Toni-A-Nzinga, quem concluiu que "para Angola ser democrática todos devem participar no processo de cidadania” e que os recursos naturais “devem ser uma bênção e não malefício”.

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A Conferência Nacional Sobre Recursos Naturais: Fome e Riqueza vai analisar durante três dias a gestão desses recursos a favor da população.

Recorde-se que, no sábado, 23, a Frente Patriótica Unida, plataforma que reúne a UNITA, o Bloco Democrático e o PRA-JA Servir Angola, organizou uma marcha contra a fome em que participaram milhares de pessoas.

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No dia 18, ao intervir na Cimeira do G20 no Rio de Janeiro, Brasil, o Presidente angolano disse que o “combate contra a fome e a pobreza constitui, sem sombra de dúvidas, um dos maiores problemas que a humanidade enfrenta” e que frente a esta realidade".

João Lourenço, que fala sobre a Aliança Global contra a Fome e Pobreza, anunciada nesse dia, destacou as medidas que o seu Governo tem feito para conbater a fome e a pobreza em Angola.