A população em três distritos da provincia do Cunene está “abandonada à sua sorte” e a fome continua a agravar-se devido à seca, revelam relatos da zona.
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O padre da igreja Católica no Cunene, Gaudêncio Felix disse que “a situação continua a agravar-se”.
“Pessoas que tinham pequenas reservas foram-se esgotando, há pessoas desde o princípio do ano que passam fome”, disse.
“As pessoas estão a sofrer imenso, há crianças que não vão à escola por fome. A situação aqui é muito grave", sublinhou.
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Segundo o pároco católico a situação é geral mas com incidência em alguns municípios como Kuroca, Kahama, Ombandja, Kwanhama e Namakunde.
E devido à situação, o prelado católico apela ao governo a acudir aquele povo ou declarar estado de emergência nessas zonas para permitir a ajuda internacional.
"Acho que o governo devia se pronunciar e acudir aquele povo e não seria um favor se o fizesse porque o povo depositou nas mãos do governo o que lhes pertence, agora é hora do governo pegar naquilo que não é sua pertença e tirar um bocado, para sobrevivência desta população”, disse.
“Se não está a conseguir então faça o grito de socorro para que organismos internacionais possam ajudar”, acrescentou o prelado. “Aproveitamos apelar à comunidade internacional que olhem para Angola, sobretudo para a província do Cunene e não venham com justificações de fome relative, aqui a fome é objetiva sente-se", sublinhou.
O jornalista independente angolano Simão Hossi que tem trabalhado na província do Cunene concorda com o padre da igreja Católica sobre a necessidade de se declarer o estado de emergência.
Hossi andou por três dos municípios mais afetados nomeadamente Kahama, Ombandja e Kuroca e disse que “o quadro é gravíssimo, sem exagero as pessoas ali estão entregues à sua sorte”.
“É um quadro desolador, este ano choveu pouco no Cunene e as alternativas que são os poços precários secaram", afirmou.
A VOA tentou ao telefone falar com o administrador da comuna do Chitado, município do Kuroca Fiel Ngoloyimwe, não foi possível. Tentamos igualmente falar com o diretor de comunicação social de outro município afectado Ombandja, Henriques Santos, mas não nos respondeu.