O relatório do Centro de Estudos e Investigação da Universidade Católica de Angola (CEIC) de 2017 aponta para um crescimento da economia muito inferior ao crescimento da população angolana de 2018 a 2022.
Por seu lado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) diz que apesar da alta da inflação há esperança que a partir de 2019 os índices da economia angolana possam começar a melhorar, mas economistas angolanos afirmam que enquanto a população angolana continuar a crescer mais que a economia nacional, o combate à pobreza será uma miragem.
No seu documento “Perspectiva Económica Mundial”, divulgado nesta terça-feira, 9, o FMI revê em baixa as previsões para Angola e estima agora uma ligeira recessão de 0,1% para este ano, o terceiro consecutivo de crescimento negativo.
A organização acrescenta que o “PIB real deve encolher 0,1% em 2018, seguindo uma recessão de 2,5% em 2017, mas projecta um crescimento de 3,1% em 2019, com a recuperação a ser alimentada por um sistema de alocação da moeda externa mais eficiente e mais disponibilidade de moeda externa devido à subida dos preços do petróleo”.
"É uma situação difícil, uma vez que a inflação está a cair mas ainda assim é alta e não há receitas, toda população será afectada, porém nós prevemos que a partir do próximo ano a situação vai começar a melhorar e assim o povo angolano vai começar a sentir mudanças", afirma o chefe da missão do FMI em Angola, Mário Zamaroczy.
Este cenário, no entanto, é pouco provável, no entender de alguns especialistas angolanos.
Galvão Branco considera que caso se concretizem as projeções do CEIC, mais angolanos vão cair na pobreza.
"Os cidadãos angolanos vão ficar mais pobres caso o crescimento do PIB seja inferior ao crescimento da população e naturalmente isto se traduz em mais pobreza", sustenta Branco.
Na mesma linha de pensamento, o também economista Faustino Mumbica é de opinião que o discurso de combate à pobreza do Executivo poderá não ser consequente.
"Os sectores da agricultura, da saúde, das pescas, da educação continuam com poucos recursos no OGE e, por isso, a economia jamais crescerá mais do que a população, o que pintará um quadro negro para os angolanos”, explica Mumbica.
Por seu lado, o também economista Carlos Rosado de Carvalho entende que os cortes de subsídios devem gerar recursos para investimento em educação, saúde e outros sectores mais importantes, em vez de “se gastar, por exemplo, dois mil milhões de dólares a subsidiar tipos que andam de Lexus, VX, V8 e Tubarão”.