Um estudo da organização Observatório do Meio Rural diz que a aposta do Governo de Moçambique nas culturas de rendimento como tabaco, algodão, soja, macadâmia, açúcar e outras, e a suspensão dos programas de lanche escolar, estão a tornar cada vez mais elevada a incidência da subnutrição crónica no país, principalmente nas zonas rurais.
Entretanto, o Governo reconhece que esses problemas existem.
De acordo com o estudo, políticas públicas e estratégias viradas para culturas de rendimento, acabam marginalizando a questão da saúde e nutrição, porque os camponeses passam a dar mais priodade a essas culturas, segundo Mariam Abbas, pesquisadora do Observatório do Meio Rural.
Abbas refere que, até muito recentemente, Moçambique tinha projectos virados para a melhoria da nutrição nas comunidades e escolas, sobretudo o Programa de Alimentação Nacional Escolar, que desempenhavam um papel positivo na redução da subnutrição crónica.
"Contudo, esses programas terminaram o seu período de vigência, e neste momento nós não temos nenhum programa para substituí-los, é preciso tentarmos manter a continuidade desses programas", defendeu aquela pesquisadora.
Entretanto, a ministra moçambicana da Educação e Desenvolvimento Humano, Carmelita Namashulua, reconhece que esses problemas existem, afirmando que "a persistência da fome e malnutrição, pode ocasionar efeitos duradouros e irreversíveis no estado de saúde e produtividade das pessoas no nosso país".
Há duas semanas, a União Africana, a Organização para Agricultura e Alimentação e o Fundo das Nações Unidas para a Infância divulgaram nesta semana o relatório intitulado “Visão Geral Regional da África de Segurança Alimentar e Nutrição 2021”, que revelou um aumento da pobreza extrema e da subnutrição em África.
No caso de Moçambique, a prevalência de subnutrição é de 31.2 por cento, uma situação que especialistas nacionais classificam de caótica.