O Presidente da República Democrática do Congo (RDC) defendeu uma cooperação "franca" na investigação às denúncias de estupro e abuso sexual cometidos por funcionários da Organização Mundial da Saúde (OMS) enviados para combater o ébola no país.
O porta-voz do Governo, Patrick Muyaya, disse à televisão estatal neste sábado, 2, que “o Presidente da República lançou um apelo por uma colaboração franca entre nossos órgãos nacionais e internacionais que serão encarregados de esclarecer este assunto".
Muyaya acrescentou que Felix Tshisekedi "expressou a sua indignação ... condenou esses actos desprezíveis ... (mas) ao mesmo tempo saudou a coragem" da OMS por ter condenado publicamente os crimes cometidos pela sua equipa.
O apelo de Tshisekedi surge depois de um relatório da OMS divulgado na terça-feira, 28,ter revelado "falhas estruturais claras" e "negligência individual" dos funcionários da agência da ONU, depois que dezenas de mulheres disseram aos investigadores que os técnicos da OMS ofereceram trabalho em troca de sexo e muitas foram vítimas de estupro.
O relatório de 35 páginas pinta um quadro sombrio da actuação de funcionários enviados à RDC para combater o surto de ébola de 2018 a 2020.
“A escala de incidentes de exploração e abuso sexual em resposta ao 10º surto de ébola contribuiu para o aumento da vulnerabilidade de 'supostas vítimas' que não receberam o necessário apoio e assistência necessários para tais experiências degradantes”, lê-se o relatório, que tem muitos testemunhos das vítimas.
Após a publicação do documento, o director da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu desculpas às vítimas e prometeu responsabilizar os autores das violações.