Família de manifestante morto em Luanda insiste em autópsia independente com presença de fotógrafo

Inocêncio Alberto de Matos, manifestante assassinado em Luanda, Angola, 11 novembro 2020

Depois da recusa da PGR, quarta tentativa está marcada para amanhã

Três semanas após a morte do estudante angolano Inocêncio Alberto de Matos durante a manifestação de 11 de novembro em Luanda continua o desentendimento entre a Procuradoria-Geral da Republica ((PGR) e a equipa de advogados da família em torno de um autópsia independente com a presença de um fotógrafo.

A família continua a aguardar pela realização da autópsia e várias tentativas entre as partes falharam em virtude da PGR não permitir fotografar a autópsia.

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Os entraves à autópsia de Inocêncio de Matos - 2:35


À última hora, a VOA soube que a autópsia pode ser realizada amanhã, 26, o que seria a quarta tentativa.

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O pai de Matos, Alfredo Miguel Matos, suspendeu o seu protesto defronte ao Palácio de Justiça por lhe ter sido garantida a realização da autópsia.

O advogado da família afirma ter remetido um terceiro requerimento para a realização da autopsia com base aos requisitos legais e outros juristas advertem que a PGR não tem directo de impedir a fotografia na autópsia.

A PGR confirmou, entretanto, através de um comunicado ter recebido a reclamação e que ordenou "a realização do segundo acto médico-legal", que estava previsto para dia 19, mas foi adiado por falta de comparência dos familiares do estudante e do seu advogado, Zola Bambi, que disse não ter sido notificado.

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Uma terceira tentativa aconteceu na passada segunda-feira, 23 que também não surtiu efeito pelo facto da PGR ter negado que se fotografasse a realização da autópsia.

Alfredo Miguel Matos, pai, afirma que vai continuar a aguardar por uma autopsia exigida por lei.

“Prometeram que vão resolver essa questão da fotografia e estamos à espera”, disse.

Zola Bambi, membro da equipa de advogados de defesa, reitera a necessidade da autópsia “com a presença de um fotógrafo ligado ao Laboratório Central de Criminalística”.

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Entretanto, o jurista Manuel Pinheiro entende que a PGR “não tem o direito de proibir fotos no momento da autópsia”, no que é corroborado pelo também jurista Agostinho Canando, quem questiona o interesse da PGR em proibir fotografar o acto: “A Procuradoria teria esse direito com que fim, será algum delito na morte deste jovem?”

Inocêncio Alberto Matos foi morto durante a manifestação de 11 de novembro contra o alto nível de desemprego e pela marcação das eleições autárquicas em 2021, alegadamente por um objecto contundente, segundo o médico que o atendeu no hospital, onde foi sujeito a uma intervenção cirúrgica.

A família desde a primeira hora e colegas activistas apontaram o dedo à polícia e o pai condicionou o enterro à realização de uma autópsia independente.