Familiares das vítimas do chamado “27 de Maio de 1977”, em que milhares de dirigentes e militantes do MPLA numa repressão a uma suposta tentativa de golpe de Estado, pedem uma comissão de inquérito para repor a verdade histórica.
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Esta reacção surge depois de o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola, Francisco Queiróz, ter reconhecido, a 17 de Novembro, uma reacção excessiva da parte do poder.
“Houve execuções e prisões arbitrárias. Tudo isso está um pouco esquecido, mas precisamos lembrar para que não volte a acontecer”, afirmou o ministro em declarações à Rádio Nacional de Angola, admitindo que houve atentados contra os direitos humanos.
Queiróz deixou em aberto a possibilidade de as famílias poderem ver como é que se poderá resolver a questão sobre as certidões de óbitos e de outras matérias que têm a ver com aquels acontecimentos.
No entanto, para além do reconhecimento de que houve atentados aos direitos humanos, familiares das vítimas pedem agora a criação de uma comissão de inquérito para apurar o que passou na altura.
Esta posição é assumida por Francisco de Boavida Rasgado, escritor e jornalista angolano, que perdeu dois irmãos na repressão que se seguiu aos acontecimentos de 1977.
"Reconhecer passa por criar uma comissão de inquérito para averiguar o que terá passado", defendeu Rasgado.
Enquanto não há uma posição do Governo ou do MPLA, Silva Mateus presidente da Associação 27 de Maio, diz queo reconhecimento por parte de aqueles que chama de executores da acção de 1977 significa que “estão a ganhar coragem para assumir o que terão feito” na altura.
Em entrevista ao jornal português Expresso no sábado passado, o Presidente angolano João Lourenço admitiu que a ferida "não está completamente cicatrizada", mas que "é um fenómeno que deve merecer um tratamento ponderado".
Entretanto, ontem, em Portugal, onde Lourenço chega na próxima sexta-feira, 24 pessoas que se consideram órfãos da repressão à alegada tentativa de golpe de Estado em Angola em 27 de Maio de 1977 enviaram uma carta a pedir ao Presidente a restituição dos restos mortais e elaboração de uma lista de desaparecidos.
Os signatários pedem ainda a constituição de uma lista com os desaparecidos, a criação em Luanda de um memorial de homenagem às vítimas e a emissão de certidões de óbito e respetiva entrega às famílias".