Na conturbada paisagem do sistema educacional guineense, um setor em constante turbulência merece atenção especial: o ensino público. O eco das reivindicações dos professores ressoa em meio a demandas por melhores condições de trabalho, salários atrasados e oportunidades para novos regressos.
Desde o início da crise durante o ano letivo de 2015/2016, as sombras da instabilidade persistem e acentuam-se com uma redução no número de alunos frequentando escolas estatais. Diante desse cenário, a educação privada emerge como alternativa, tornando-se um recurso para os estudantes em busca de conhecimento e oportunidades.
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Nascida e criada no coração da Guiné-Bissau, Piarret Andrelino, presidente e fundadora da Iniciativa Agir, conhece de perto os desafios educacionais que afligem o país. Hoje, residindo na Inglaterra, ela compartilha uma perspetiva única sobre os obstáculos e potenciais da educação guineense.
Em entrevista ao "Fala África VOA", Andrelino discutiu um dos projetos transformadores que lidera em Bissau: as escolas comunitárias "Sonhar" e "Castanheiras". Ela compartilhou a jornada desde uma escola de bambu até os dias atuais, onde centenas de alunos, desde o Jardim de Infância até o sétimo ano, encontram um refúgio educacional nas periferias de Bissau.
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"Temos dois períodos. As crianças mais novas permanecem das 8h da manhã até o meio-dia e meia. O segundo período inicia às 13h e vai até às 18h", contou.
Enfrentando desafios imensos, os professores, verdadeiros heróis, dedicam-se voluntariamente, com zelo incansável pelo futuro das crianças, revelou a presidente da Iniciativa Agir. A iniciativa, forjada pelo suor e empenho de corações comprometidos, busca enfrentar a escassez de recursos e a resistência à educação por parte de comunidades vulneráveis, explicou Piarret Andrelino.
Ela descreveu o desejo de sensibilizar e catalisar mudanças, destacando o papel transformador da educação na construção de um país mais forte e consciente. A ONG dedicada à ação social colabora de maneira articulada com entidades governamentais e diversos organismos nacionais e internacionais.
"Através de alguns protocolos, estamos tentando proporcionar o primeiro contato com o computador, com a informática, e aulas de língua", disse.
Contudo, o trabalho da Iniciativa Agir é apenas um farol no horizonte, apontando para a necessidade de uma revolução curricular e um olhar coletivo para a educação como a chave-mestra para o desenvolvimento. Andrelino destacou a importância de incutir a consciência cívica desde cedo, para que a população reconheça o valor da educação e exija uma mudança estrutural.
Piarret Andrelino não apenas compartilhou uma história de lutas e esperanças, mas também ecoou o chamado urgente por uma transformação educacional profunda e sustentável na Guiné-Bissau. A Iniciativa Agir se apresenta como um farol de esperança em um cenário desafiador, reafirmando que a educação é a pedra angular sobre a qual um futuro brilhante pode ser construído.