Exército moçambicano anuncia morte de 14 insurgentes na operação Vulcão em Cabo Delgado

Patrulha em Palma, Cabo Delgado

As FADM registaram duas baixas e quatro feridos em 11 dias de combates

As Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) anunciaram a morte de 14 rebeldes em Cabo Delgado, no âmbito da operação Vulcão IV, iniciada a 1 de Janeiro para desativar bases terroristas e levada a cabo com o apoio do Ruanda e dos militares do bloco regional da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM), aquartelados naquela província do norte de Moçambique.

Em nota recebida nas redacções na quarta-feira, 11, a que a VOA também teve acesso, o exército avançou que entre os 14 terroristas mortos consta um dos seus líderes, identificado por Abu Fadila, morto em confrontos ocorridos na aldeia de Nguida, no distrito de Macomia, no domingo, 8.

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O comunicado diz ainda que dois elementos das FADM foram mortos em combates e outros quatro ficaram feridos nos confrontos, dois dos quais ainda em estado crítico.

A VOA tentou ouvir uma reacção da assessoria do ministro da Defesa Nacional, mas sem sucesso.

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No terreno prossegue a operação Vulcão IV para “desativação e destruição de bases terroristas do inimigo que aterroriza o norte do rio Messalo, distrito de Muidumbe, e o ocidente de Chai, no distrito de Macomia”, avança ainda o comunicado.

Deserções

Entretanto, o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), ligado à polícia moçambicana, deteve um Chimoio, na província de Manica, um militar que desertou da linha de combate em Macomia e levou consigo uma AKM, 4 carregadores e 104 munições, agora apreendidos pelas autoridades.

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O Sernic avança que o militar é suspeito de ter formado uma quadrilha e assassinado vários condutores de moto-táxis na cidade de Chimoio, após a sua deserção.

Por seu lado, o soldado cujo nome omitimos não admite os crimes e disse a jornalistas numa esquadra em Chimoio que fugiu da linha de combate por não ter sido rendido durante 14 meses e após sofrer traumas por ter visto seus colegas decapitados por terroristas.

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“As coisas foram fortes e quentes para mim, então fui ver que todos os meus amigos, que estavam comigo, morreram perto de mim, eu não aguentei com aquilo”, afirmou.

Por esses motivos, ele acrescentou que decidiu fugir e teve que caminhar durante 30 dias pelas matas até encontrar uma estrada que o levou ao distrito de Macomia e depois para a cidade de Chimoio.

Recorde-se que mais de 4.500 pessoas foram mortas e quase um milhão foram forçadas a fugir das suas casas desde que militantes ligados ao Estado islâmico lançaram uma insurreição na província de Cabo Delgado, rica em gás, em Moçambique, em 2017.