Há inúmeros desmobilizados do extinto Ministério da Segurança do Estado entre os mais de 900 oficiais das ex-FAPLAS que avançam para a reforma, quando se esperava que o seu destino fosse a Caixa Social do Ministério do Interior.
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Conhecida a lista, alguns dias após a tomada de posse do secretário de Estado da Reinserção Social, antigos militares reafirmam que a reintegração na vida produtiva tem sido marcada por uma acentuada desorganização.
São 912 os oficiais das antigas forças militares do MPLA que chegam à Caixa de Segurança das Formadas Armadas Angolanas com os graus de tenente-coronel, tenente e major.
À boleia destes homens, com idades entre 50 e 60 anos, seguem antigos funcionários do MINSE, a extinta Segurança do Estado, que dizem não mais querer esperar por um processo confuso e desorganizado.
Admitem que os seus nomes tanto poderiam ter sido inseridos na Caixa do Interior, conforme prometeu o ministro Ângelo Tavares, como na Caixa das Forças Armadas, como agora se verifica.
Há quem acredite que o momento eleitoral esteja a pressionar o regime angolano a olhar para chefes de famílias que andaram à deriva durante quase 30 anos.
Num dos postos militares de Benguela, a VOA captou a satisfação de quem vê o calvário chegar ao fim, assim como a desilusão daqueles que terão de aguardar pelas próximas ordens do chefe do Estado Maior General das Forças Armadas.
“Vamos aguardar, não sabemos se virá outra lista ou não. A vida vai indo, eu vendo coisas, a retalho, nas bancadas. Muitos faleceram mas os seus nomes estão aqui, se as famílias estiverem atentas, podem resgatar as coisas’’, sustenta, sob anonimato, um dos desiludidos, enquanto um que se diz felizardo, desmobilizado em 1992, já só esperapela fase da prova de vida para a muito esperada pensão militar.
Ao lado deste posto, na Administração Municipal, está a sede de uma associação que congrega ex-seguranças do Estado. Enquanto aguardam pela Caixa Social do Interior, mesmo fazendo ‘’corredores’’ para outras vias, muitos dizem que o Governo parece não ter noção da sua importância.
“Se se lembrarem, o Dr. Jonas Savimbi dizia que mais vale perdoar uma coluna das FAPLAS do que um especialista em inteligência. Ele tinha noção da nossa importância’’, alerta um especialista que se sente ‘’abandonado’’.
O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, descreve Lúcio do Amaral como um "destacado oficial general’’, capaz de acelerar o processo de reintegração social e produtiva dos ex-militares".