A Associação Industrial Angolana (AIA) considera que um aumento dos preços dos combustíveis nos termos em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) sugere ao Governo, com mexidas graduais na gasolina e gasóleo na ordem de 100% em oito meses, reforçaria a necessidade de subvenções a favor da agricultura e pescas, que são a base da sustentabilidade alimentar.
A organização liderada pelo economista José Severino tem noção de que a reestruturação económica impõe esta revisão nos preços, mas avisa que o país precisa de um circuito de exportação formal, sem os rastos do contrabando que provoca a fuga de grandes quantidades, sobretudo para a República Democrática do Congo.
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Tivesse o Fundo Monetário Internacional a noção dos prejuízos dali decorrentes, talvez sugerisse um aumento que não coloque o litro de gasolina em 320 Kwanzas e o de gasóleo em 270, afirma o presidente da AIA, reagindo a uma medida que pode eliminar os subsídios actualmente absorvidos pela Sonangol.
‘’A fuga de combustíveis, e isto é público, é muito grande, cerca de 15% de contrabando nas nossas contas. Ora, numa facturação de cerca de 3 milhões ou mais, é muito dinheiro, há agravamento dos preços na ordem dos vinte por cento. Estamos a propor que os exportadores sejam licenciados e que as divisas decorrentes das exportações fiquem no país É assim que se formaliza este circuito’’, sustenta o Severino.
A proposta do FMI, patente nas conclusões da última consulta com as autoridades angolanas, há poucos dias, levou José Severino a reafirmar a necessidade de subsídios a favor da produção alimentar.
“Não temos uma rede de energia eléctrica como têm os outros países, onde as fazendas possuem o seu PT (posto de transformação), isto para olharmos para a base da sustentabilidade alimentar’’, aconselha.
Em entrevista à VOA, o economista, que voltou a defender a criação de cooperativas, avisou que as rupturas estão sempre à espreita, tal como se verificou, recentemente, num sector a clamar por subvenção, conforme resume o armador Sérgio Santos
‘’Ficamos 25 dias em terra, sem pescar porque não havia combustível. Como é que queremos parcerias com estrangeiros se nem combustível temos?’’, pergunta Santos.
No passado dia 13 de Junho, antes de ter sido conhecida a sugestão do FMI, o presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Carlos Saturnino, deu a conhecer, sem referências a datas, que o Governo angolano estuda a possibilidade de aumentos dos preços dos combustíveis como resposta à variação do câmbio imposta pelo mercado internacional.