EUA e México criam grupo de trabalho para enfrentar com governos da região a crise migratória

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Reunião entre o Presidente mexicano, Andres Manuel Lopez Obrador, (centro) e delegação americana, chefiada pelo secretário de Estado Antony Blinken, México, 27 dezembro 2023

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, reuniu-se durante cerca de duas horas na tarde desta quarta-feira, 27, com o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, Cidade do México, com a crise migratória na agenda.

No final do encontro, sem declarações de Blinken ou López Obrador, a ministra de Relações Exteriores do México anunciou a criação de um grupo de trabalho.

“Vamos formar uma equipa de trabalho conjunta para nos vermos periodicamente, vamos fazer reuniões periódicas, vamos trabalhar juntos com a Guatemala, com os países da América do Sul e da América Central, foi isso que realmente foi falado e sobre como vamos nos apoiar mutuamente”, disse Alícia Bárcena à imprensa mexicana após o encontro.

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Estados Unidos e México discutem crise de imigração

Ela confirmou que as partes discutiram formas de abordar as causas estruturais da migração, destacaram a importância das relações económicas entre México e Estados Unidos e reiteraram a importância de manter abertas as passagens fronteiriças.

Antes da reunião, a delegação dos Estados Unidos sublinhou a necessidade de o México fazer mais para limitar o número de migrantes que chegam à fronteira.

Por seu lado, Lopez Obrador disse que o México está disposto a ajudar, mas adiantou que quer ver progresso nas relações dos EUA com duas das principais fontes de migrantes, Cuba e Venezuela.

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Ele também enfatizou a necessidade de mais ajuda ao desenvolvimento na região.

“Sempre falamos em abordar as causas [da migração]. O ideal é ajudar os países pobres”, disse López Obrador antes da reunião que ocorreu num momento em que os números da migração atingem níveis recordes.

Recordes

Neste ano, mais de meio milhão de migrantes, na sua esmagadora maioria a fugir da violência , da pobreza e de conflitos regionais, cruzaram a selva de Darien Gap para a América Central.

Esse número é registado em 2022.

A onda de detenções na fronteira sudoeste dos EUA, com 10 mil migrantes a tentar entrar nos Estados Unidos todos os dias, sobrecarregou a Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras.

No dia passado dia 18, os Estados Unidos fecharam brevemente duas passagens ferroviárias com o México, depois que migrantes utilizaram comboios de carga para viajar para áreas próximas à fronteira e também devido à necessidade de redireccionar o pessoal para ajudar a Patrulha de Fronteira a levar os migrantes para as instalações oficiais.

Antes da reunião, o gabinete do secretário de Estado americano adiantou que iria “discutir a migração irregular sem precedentes no Hemisfério Ocidental e identificar formas de o México e os Estados Unidos abordarem os desafios de segurança fronteiriça, incluindo ações para permitir a reabertura dos principais portos de entrada através da nossa fronteira partilhada”.

A crise migratória tornou-se um grande desafio para o presidente dos EUA, Joe Biden.

Os republicanos, que controlam a Câmara dos Representantes, fizeram das alterações à lei de imigração uma condição para a aprovação de legislação que incluía o apoio militar dos EUA à Ucrânia, Israel e Taiwan.