EUA aplicam sanções ao Ruanda e ao M23

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Membros do movimento M23 patrulham as ruas durante um exercício especial de limpeza e uma reunião pública conduzida pelo movimento M23 após a tomada da cidade na Place de lÕIndŽpendance em Bukavu, em 20 de fevereiro de 2025.

Conflito empurrou 35.000 pessoas para o Burundi, diz a agência de refugiados da ONU.

Os Estados Unidos sancionaram o Ministro de Estado para a Integração Regional do Ruanda, James Kabarebe, e o porta-voz do M23 e da Aliança do Rio Congo, Lawrence Kanyuka Kingston, juntamente com duas das empresas de Kanyuka, a Kingston Fresh e a Kingston Holding, por ligações "à violência e às violações dos direitos humanos no leste da República Democrática do Congo (RDC)".

Em nota, o Departamento de Estado norte-americano informa ter aplicado sanções ao grupo armado M23 por colocar "em causa a integridade territorial da RDC".

"Com o apoio do Ruanda, também ameaçou, feriu, matou e deslocou milhares de civis inocentes, custou a vida a três elementos das forças de manutenção da paz da ONU e feriu vários outros. Esta violência corre o risco de se transformar num conflito regional mais vasto.", escreve Tammy Bruce, porta-voz do departamento.

Os Estados Unidos exortam o Ruanda a regressar à mesa das negociações no âmbito do Processo de Luanda, liderado por Angola, com o objetivo de "encontrar uma solução" para o conflito na RDC.

"Os Estados Unidos apelam aos líderes do Ruanda para que ponham termo ao seu apoio ao M23, já designado pelos Estados Unidos e pela ONU, e retirem todas as tropas da Força de Defesa do Ruanda do território da RDC".

O Departamento de Estado apela ainda ao Ruanda "que respeite a soberania e a integridade territorial da RDC" e pede aos governos do Ruanda e do Congo que responsabilizem "os responsáveis pelas violações e abusos dos direitos humanos".

"A persistência do conflito impede o desenvolvimento económico e dissuade as empresas americanas de investirem tanto no Ruanda como na RDC - uma perda para a região e para o povo americano", afirma Tammy Bruce.

ONU alerta para fuga de senhores da guerra de prisões

Membros da Cruz Vermelha congolesa arrumam sacos com restos mortais durante um enterro coletivo das vítimas dos confrontos no leste da República Democrática do Congo, no cemitério de Musigiko, em Bukavu, a 20 de fevereiro de 2025.

Senhores da guerra "responsáveis por crimes graves, incluíndo violações", foram alegadamente libertados das prisões de Goma, Kabare e Bukavu, alerta o gabinete dos direitos humanos da ONU.

A ONU lembra que os detidos são "uma ameaça para as suas antigas vítimas e para os juízes que os condenaram, bem como para os advogados que representaram as vítimas de violência sexual".

“As consequências serão enormes, primeiro para o estado de direito, mas em particular para estas mulheres que acreditaram na justiça porque receberam ajuda, mas que infelizmente correm agora o risco de serem confrontadas por alguns dos seus algozes.”, declarou Patrice Vahard, Diretor do Gabinete Conjunto das Nações Unidas para os Direitos Humanos na República Democrática do Congo (UNJHRO).

Ainda de acordo com a ONU, 35.000 pessoas fugiram para o Burundi desde o início de fevereiro, em resultado do conflito na RDC. “A grande maioria são mulheres e crianças, que estão a chegar exaustas e cansadas”, informou a porta-voz do ACNUR, Olga Sarrado à ONU News.

Sarrado frisou que as necessidades humanitárias aumentam perante "uma escassez significativa de serviços básicos nos abrigos para deslocados, incluindo casas de banho, alimentos e água".

A insegurança em Kivu Norte tem obrigado as organizações humanitárias a diminuir a ajuda humanitária. O Programa Alimentar Mundial prestou assistência alimentar de emergência a 9.000 pessoas, num universo de 83.000, avança a ONU, informando que tinha retomado parcialmente a assistência alimentar a partes de Goma, agora tomada pelo M23.