Manifestantes no pequeno reino de eSwatini, na África Austral, exigiram reformas no seu sistema de monarquia absoluta, nesta terça-feira, 29, e as forças de segurança tentaram repeli-los com tiros e gás lacrimogéneo, reporta a Reuters.
“Oiço tiros e sinto o cheiro de gás lacrimogéneo. Não sei como vou voltar para casa, a paragem de autocarros está vazia não, há uma forte presença da polícia de choque e do exército”, disse à Reuters Vusi Madalane, balconista da capital Mbabane.
O primeiro-ministro em exercício, Themba Masuku, negou algumas notícias de que o Rei Mswati III havia fugido da violência para a vizinha África do Sul.
"Sua Majestade o Rei Mswati III está no país e continua a liderar o governo para fazer avançar os objectivos do Reino", lê-se no comunicado de Masuku. "Apelamos à calma, moderação e paz de todos os emaSwati (cidadãos de eSwatini)."
Bloqueio
A ira contra Mswati vem crescendo há anos, e os protestos ocasionalmente se tornam violentos, com a polícia usando gás lacrimogéneo, granadas de atordoamento e canhões de água para dispersar os manifestantes que atiram pedras.
As forças de segurança montaram bloqueios para impedir o acesso de alguns veículos à capital, Mbabane, nesta terça-feira. Alguns bancos disseram que fecharam até que a agitação - que começou no fim-de-semana e se tornou violenta durante a noite - acalme.
O porta-voz do governo, Sabelo Dlamini, disse que escolas e autoestradas foram fechadas. A Reuters viu crianças em idade escolar correndo para casa na periferia da capital.
Vida de luxo
Os activistas dizem que o rei tem evitado sistematicamente os apelos por reformas significativas que empurrariam a eSwatini, que mudou o seu nome de Suazilândia em 2018, na direção da democracia.
Eles também o acusam de usar fundos públicos para financiar um estilo de vida luxuoso, enquanto grande parte da população de 1,5 milhão vive na pobreza e, na maioria, depedente da agricultura de subsistência.
O Rei Mswati (Makhosetive Dlamini), de 53 anos anos de idade, tem 15 esposas e, pelo menos, 20 filhos, que vivem em residências financiadas pelo Estado. Chegou ao trono em 1986, com apenas 18 anos de idade. Substituiu o seu pai, Rei Sobhuza II.
O pequeno reino fica entre África do Sul e Moçambique.