Um levantamento feito recentemente pelo Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias de Luanda concluiu que as mulheres compõem o maior número de pacientes atendidos, em 2024, com transtornos mentais.
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Estudo feito em Luanda indica que doenças mentais afetam principalmente mulheres – 4:36
As patologias mais diagnosticadas foram a ansiedade, a depressão e o estresse sendo que o grupo etário dos 25 aos 49 anos está no topo das ocorrências, com 12. 868 casos.
De acordo com o estudo, de um total de 26.990 pacientes assistidos e diagnosticados com diferentes patologias de fórum psiquiátrico e psicológico, 19.620 são de sexo feminino, o que representa o dobro do número de utentes do sexo masculino, com 7.370 casos.
Os dados sobre os elevados casos de saúde mental foram avançados à margem de uma recente palestra sobre “Nutrição e Falciformação”, promovida pela Associação de Ajuda às Crianças com Hemoglobinopatia (ONG EFATHA).
Nas zonas rurais “há mais saúde mental”
O psicólogo Carlinhos Zassala considera que os números apresentados em Luanda não são representativos do interior do país, porque, segundo aquele especialista, as mulheres das cidades estão mais vulneráveis às perturbações mentais do que as do campo.
Professor Carlinhos Zassala
“Os que estão no campo gozam mais de saúde mental do que as que vivem nas cidades porque eleas permanecem no seu meio cultural e não sofrem a influência de outras culturas”, aponta Zassala.
Opinião diferente tem o especialista em saúde pública Maurilio Luiele, para quem os dados apresentados podem ser extrapolados para o país inteiro.
Luiele aponta a pobreza, a violência doméstica e ainda causa biológicas como fatores que contribuem para a propensão a doenças mentais por parte das mulheres.
Maurílio Luiele
“Elas são mais pressionadas e mais sensíveis aos problemas”, reforça aquele especialista.
“É só ver a sobrecarga que elas têm no lar e como elas são as que mais sentem os problemas dos lares e dos domicílios e é no lar que os problemas sociais mais se repercutem”, acrescenta Luiele.
Por sua vez, o analista social reverendo Domingos José Cazombo considera a pressão social como sendo o motivo que leva as mulheres a estarem mais vulneráveis a doenças mentais
“Quase todo o peso recai sobre ela como mãe e como mulher: cuidar dos filhos, da casa e cuidar do marido", afirma aquele líder religioso, fazendo ainda notar “o fenómeno da muher zungueira” como reflexo dessa situação.
Contactada pela Voz da América, a directora Nacional de Saúde Pública, Elga Freitas, disse que não comentava os dados apresentados pelo Departamento de Saúde Mental da direcção provincial de saúde de Luanda.