Estradas moçambicanas tendem a ter mais crateras do que asfalto

“Não sabemos o que fazer com esta estrada, e o governo o que está a pensar com esta estrada, a situação está mal mesmo”.

Na principal estrada de Moçambique, a EN1, aumentam charcos e crateras, que substituem o pouco asfalto que resistiu às últimas chuvas, agravando as já difíceis condições de circulação de viaturas, numa altura que o governo alerta para o risco de 175 estradas do país ficarem intransitáveis na atual época chuvosa.

Utentes regulares, como camionistas e transportadores de passageiros, que circulam pela Estrada Nacional um (EN1) - a única que liga o Sul, Centro e Norte de Moçambique -, classificam a via como um caos, devido a presença de “buracos, charcos e crateras”, em quase toda a extensão, no lugar do asfalto.

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Estradas moçambicanas tendem a ter mais crateras do que asfalto

Eles pedem uma intervenção urgente do governo com uma manutenção da via e posterior reabilitação de raiz da extensão nas zonas mais críticas, desde o rio Save (Sofala) até Nicoadala (Zambézia).

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Moçambicanos insatisfeitos com as condições das estradas

Buracos

O camionista Luís Gatoma descreve à VOA uma estrada “muito bem danificada”, pedindo ao governo intervenção.

“Não sabemos o que fazer com esta estrada, e o governo o que está a pensar com esta estrada, a situação está mal mesmo”, diz Gatoma, que ganha por cada viagem feita na via, o que tem reflexo na sua renda que caiu quase três vezes.

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Moçambique: Carlos Mesquita promete “obras de qualidade” para não passar a vida a reabilitar

“Desde que a situação começou a se deteriorar, em 2010, atingimos o estado mais grave este ano de 2024. Já não temos estrada, até era preferível tirar tudo (o asfalto) e deixar-nos andar na terra batida”, sugere, visivelmente agastado com as condições da via, que aumenta o tempo de viagem e consumo de combustível dando em desconfianças com o patronato.

Outro camionista, Manuel Fernando, diz que a falta de vias alternativas à principal estrada de Moçambique, sujeita os camionistas a um martírio sem fim.

“Leva-se muito tempo a gatinhar nas covas. Leva-se cinco horas de tempo para percorrer 60 quilómetros, o que não é normal para uma via, a principal de um país. Cinco horas de tempo para 60 quilómetros, e a vida do camião é sacrificada”, enfatiza Fernando, que levou três dias para percorrer cerca de 450 quilómetros, entre Inchope (Manica) a Quelimane (Zambézia).

O cenário não é muito diferente nas outras estradas do país.

Intransitabilidade

A Administração Nacional de Estradas (ANE) alerta que mapeou 175 estradas em risco de ficarem danificadas e provocar intransitabilidade na atual época chuvosa em todas as 10 províncias de Moçambique. Nessas províncias prevê-se o aumento de precipitação, influenciado pelo fenómeno ‘El Niño’.

Por se prever claras ameaças de inundações, que podem provocar danos nas infraestruturas rodoviárias da rede de estradas classificadas, a ANE pondera adotar medidas preventivas extremas, “que não excluem a interdição do trânsito de viaturas, considerando que muitas áreas poderão se tornar inacessíveis”.

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A situação poderá agravar a já frágil condição de circulação nas estradas moçambicanas.

No entanto, as autoridades têm repetido que estão a trabalhar para mudar a situação.

O ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Carlos Mesquita, disse, em Manica, que o governo está preocupado com o nível de degradação da EN1, tendo já sido mobilizado empreiteiros que estão a intervir em pontos críticos da principal estrada de Moçambique, sobretudo no troço Gorongosa-Nhamapadza, Inchope-Gorongosa, faltando a intervenção Inchope-rio Save, devido a atrasos burocráticos da empreitada.