Em Moçambique, analistas dizem que o estatuto do líder da oposição, recentemente aprovado pelo Parlamento, pode acabar com a democracia, a menos que seja para evitar que o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, retorne à guerra.
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É voz corrente no país que aquilo que Afonso Dhlakama quer é mais dinheiro e que a aprovação do estatuto de líder da oposição é mesmo para acomodá-lo economicamente, mas há quem questione por que aprovar o estatuto se esse líder não o quer.
O líder politico Raúl Domingos diz que as leis não são feitas para uma única pessoa, mas para um universo muito mais alargado, realçando que "hoje, o líder da oposição é a pessoa que diz que não aceita este estatuto, mas amanha o líder da oposição poderá ser outra pessoa".
Mas o politólogo Lázaro Moisés vê na aparente rejeição do estatuto de líder da oposição uma jogada política por parte de Afonso Dhlakama "porque este estatuto visa acomodá-lo, tanto mais que o mesmo foi aprovado com votos da própria bancada da Renamo".
O politólogo entende, no entanto, que este estatuto nem sequer devia existir, "e se a Renamo aceitá-lo está a mostrar-nos que este barulho todo que tem estado a fazer visa apenas a sua acomodação".
"Como é que o líder da oposição, com o estatuto que lhe foi atribuído, vai criticar a governação da Frelimo?", interrogou, sublinhando ser esta uma forma de "matar a democracia".
Contudo, há quem considere que esta é mais uma componente do recente acordo de cessar-fogo em Moçambique.
A aplicação desta lei, aprovada com votos favoráveis da Frelimo e da Renamo, vai significar um encargo adicional de cerca de dois milhões e duzentos mil dólares por ano ao Orçamento de Estado.