O estado clínico do activista angolano preso Luaty Beirão é crítico e os seus colegas estão muito preocupados com a sua situação, soube a VOA de uma fonte segura.
Hoje, de acordo com a mesma fonte, ele estava com “38,7 graus de febre, tosse, dificuldade para respirar, dores de cabeça, arrepios, transpiração, muita fraqueza, tontura, palidez, não conseguia dormir e os olhos estão muito fundos”.
A preocupação “é maior porque não está a ser medicado e este quadro dura há três dias”, continuou a mesma fonte.
“Ele está disposto a aceitar ser medicado desde que haja um compromisso assinado pelo diretor-geral dr. Fortunato ou seu adjunto, no caso de indisponibilidade do primeiro, a garantir que assim que ele melhorar será devolvido à cadeia de Viana, nas mesmas condições em que se encontrava antes de ter sido trazido para São Paulo”, concluiu a fonte da VOA.
O activista e músico angolano Luaty Beirão, condenado pelos crimes de rebelião, tentativa de golpe de Estado e associação de malfeitores, está em protesto desde que, no passado dia 4, foi levado para o Estabelecimento Prisional São Paulo que, segundo as autoridades, possui melhores condições.
Beirão terá sido levado à força, como uma fonte familiar escreveu na sua página de Facebook.
"Eu não quero ir para um sítio só porque supostamente tem melhores condições para nós, quando a maior parte dos reclusos vive encarcerada e com condições precárias", terá dito Luaty Beirão, ainda de acordo com a mesma mensagem.
No dia seguinte, 5, "Luaty iniciou um protesto de nudez, silêncio e fome, recusando-se receber a família e a comida da família", lê-se no mesmo post, situação que, no entanto, terá sido ligeiramente alterada, embora o activista tenha continuado a protestar e a não receber a alimentação da cadeia.
Numa das últimas cartas escritas recentemente, Luaty escreveu: “um compromisso escrito da direcção dos Serviços Prisionais em que aceitem devolver-me à comarca de Viana nas condições que deixei a mesma desde o primeiro dia”.
Condecoração em Portugal
Entretanto, em Portugal, a Ordem dos Advogados atribuiu esta quinta-feira, 19, uma medalha de ouro aos 17 activistas pela pela defesa dos direitos humanos
"Em conformidade com a deliberação do conselho geral da Ordem dos Advogados Portugueses de 26 de Abril de 2016 é concedido a Luaty Beirão e, na pessoa dele, a todos os activistas o galardão da medalha de ouro da Ordem dos Advogados Portugueses", refere a deliberação anunciada no âmbito das celebrações do Dia dos Advogados, em Setúbal.
Em resposta, Beirão enviou uma mensagem de agredecimento "em meu nome e de todos os meus companheiros e companheiras de cárcere, incluindo os de Cabinda, juntos na luta pelos direitos humanos".