“A esperança já se esgota de tanto esperar,” o desabafo de Alfa Thulana

  • Amâncio Miguel

Alfa Thulana

O moçambicano explora o jazz e gospel para pregar o amor, a libertação…

“O nosso amor tinha de tudo para dar certo," mas "a esperança já se esgota de tanto esperar,” assim canta Alfa Thulana.

A canção é “dei minha vida por ti” e faz parte do seu primeiro disco, “Send me”, que acaba de sair no mercado moçambicano, e é um dos poucos do género gospel.

A canção é adequada para o momento crítico que o seu país vive, após a revelação de dívidas escondidas, o que originou o corte do apoio dos principais doadores ao orçamento do estado.

“Retrata alguém que deu tudo por uma relação e parece que não está a resultar; é exactamente assim como os moçambicanos se sentem neste momento” e pedem mudanças, “porque as promessas já não satisfazem,” diz.

Alfa Thulana: “Nos bares, não troco o meu repertorio, apenas adequo a mensagem, partilho palavras de esperança, falo da libertação”.

No geral, detalha Alfa, “é um disco sobre o amor fraternal, não é apenas religioso. Canto a palavra da fé, esperança, paz".

Filho de uma influente figura da Igreja Evangélica do Bom Pastor – o Bispo Fernando Magaia – Alfa cedo descobriu que o seu caminho era a música. Aos sete anos cantava nas escolas dominicais da sua igreja e mais tarde juntou-se aos grupos juvenis.

Fora da igreja, Alfa descobre o jazz e concentra-se na guitarra e voz.

O jazz puxa Alfa a tocar em bares, uma experiência enriquecedora, segundo ele: “Nos bares, não troco o meu repertorio, apenas adequo a mensagem, partilho palavras de esperança, falo da libertação”.

É nessa onda de espalhar a “palavra” que em breve Alfa vai cantar para 1,200 reclusos na cadeia central de Maputo.

Aos 40, Alfa diz que o “Send me” ajuda a manter viva a sua veia artística e religiosa. “A minha paixão será sempre a música. Sou mestrado em gestão e trabalho também nessa área, mas tenho fé que um dia irei viver da música.”

Em menos de seis meses, o disco vendeu mais de 3.500 cópias, uma grande conquista num mercado limitado e com alto nível de pirataria como o moçambicano.

Acompanhe a conversa:

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