Corridas de automóveis e motorizadas voltam a abrilhantar um aniversário da cidade de Benguela, o número 401, que se assinala nesta quinta-feira, 17, debaixo de polémica em torno da segurança no palco, o circuito da Praia Morena, cinco anos após uma ausência imposta por casos de mortes, ferimentos e danos materiais.
A própria organização das provas tem noção de que o autódromo, tomado por ocupações de espaços para a construção de casas, seria o ideal, ao passo que a Polícia desaconselha eventos do género dentro da cidade.
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É certo que foi realizada sem sobressaltos, em Outubro último, uma prova sob os auspícios da Associação dos Desportos Motorizados, mas a ninguém passam despercebidas as tragédias de dois anos consecutivos, que levaram o antigo governador, Isaac dos Anjos, a fechar o circuito em causa.
‘’Isto depende muito da vontade política e da visão de quem nos governa. Em causa está a segurança, tanto dos que vão assistir como a dos motociclistas. É só ver, salvaguardando as diferenças de maior, o tipo de segurança que nós vemos lá fora. Aqui temos uma brincadeira, é uma autêntica brincadeira’’, sublinha Felisberto Amado.
As preocupações do arquitecto Felisberto Amado, relativamente a dispositivos de segurança como sacos de areia colocados ao longo do circuito, são as mesmas do activista cívico Martins Domingos, que alarga as suas inquietações face a um espectáculo que vai juntar cerca de quarenta máquinas, entre viaturas e motas, oriundas de várias províncias.
‘’Porquê que não se arranja um espaço, uma vez que a terra é propriedade do Estado, para essas actividades? Insistem em realizar aqui, é incapacidade de governação, não se ouve a sociedade. Se já danificou vidas aqui dentro da cidade, então o Governo é irresponsável’’, critica Domingos.
Membro da organização das provas, previstas para sábado e domingo, Tó Saraiva admite que o autódromo, em desuso há quase trinta anos, seria o ideal, mas assegura que a segurança foi reforçada
‘’Naturalmente que fazer uma actividade destas no autódromo é melhor em termos de segurança, é outro espectáculo. Mas tomámos medidas de segurança. O autódromo é um caso a pensar, implica muito dinheiro, mas lá ficava muito mais fácil’’, salienta Saraiva, quem fala em custos na ordem dos ‘’20 milhões de kwanzas, financiados por uma empresa privada’’.
Um oficial superior da Polícia disse à VOA sob anonimato que a corporação desaconselha a prova, conforme a informação transmitida ao governador provincial, Rui Falcão, mas é obrigada a contribuir para a segurança.
Apesar das várias tentativas, não foi possível obter um pronunciamento do administrador municipal de Benguela, Carlos Guardado.
A cidade ‘’mãe de cidades’’, fundada por Manuel Cerveira Pereira, festeja 401 anos de existência nesta quinta-feira.