Especialistas pedem política de terra em Angola

Eles alertam que existência humana está em causa e denunciam "terra para ricos" apenas

Especialistas angolanos desafiam o Estado a adoptar políticas adequadas para a preservação da terra, caso contrário a própria existência humana pode estar em risco.

Eles criticam igualmente as políticas governamentais sobre a terra que beneficiam apenas um grupo de pessoas endinheiradas e poderosas.

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Ausência de política de terras analisada por especialistas angolanos - 2:09

Comemorou-se no domingo, 22, o Dia Mundial da Terra, e os especialistas angolanos consideram haver um défice de políticas públicas em matéria de preservação e de bem tratar da natureza.

Em conversa co a VOA, chamam a atenção do Executivo para os riscos que o país corre, mesmo em termos de existência humana se não se começar agora a preservar e valorizar a terra.

Bernardo de Castro, mestre em adaptações climáticas e coordenador da Rede Terra, avisa que o país não tem programas e politicas viradas para a preservação da terra, o que, para ele, é muito grave para a sustentabilidade do planeta e dos próprios seres vivos.

"Em Angola não há nenhum sistema integrado de monitorização do risco climático, não sabemos por exemplo os riscos que isso acarreta para a agricultura e a pecuária, e isto faz pesar no cumprimento dos objectivos de desenvolvimento sustentável e na preservação dos diferentes eco-sistemas que suportam o planeta terra", adianta Castro.

Aquele especialista considera que projetos económicos, como a diversificação da economia por exemplo, através da agricultura, podem ficar afectados pelas alterações climáticas.

Para Bernardo Castro, é preciso instruir as pessoas desde tenta idade, na escola, em casa, por cartilha, vídeos, entre outros meios "para que saibam desde cedo que hoje choveu, mas amanhã pode não chover e por quê ?"

Castro revela que está-se a destruir a terra, a erosão alastra-se, as ravinas são muitas pelo país, as pessoas morrem por causa das inundações, mas ninguém monitoriza essas situações.

Por seu lado, André Augusto, da organização não governamental SOS Habitat, há uma desinformação total por ausência de programas e políticas do Estado, além da política de tirar a terra a pessoas sem dinheiro.

"Continuamos com os problemas de pessoas sem terra em detrimento de um grupo de ricos, as demolições prosseguem, a devastaçao de terras de camponeses bem como as suas culturas por causa do jogo de interesse daqueles poucos endinherados que acham que so eles têm direito a terra", conclui Augusto.