Guiné-Bissau é apontado como um dos países da África Ocidental com uma acentuada dependência da ajuda externa à sua economia.
Vários relatórios internacionais apontam que o país, cuja economia depende da comercialização da castanha de caju, não tem conseguido financiar os seus orçamentos anuais.
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O país continua a ser um dos mais dependentes da ajuda externa, não obstante o aumento do Produto Interno Bruto situar-se na ordem dos cinco por cento em 2019 e 2020, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.
A Guiné-Bissau continua, como sempre, a não conseguir financiar sozinho o seu Orçamento Geral de Estado, numa altura em que a sua dívida externa ronda os 80 por cento.
Por exemplo, para suportar o seu orçamento do ano 2020-2021, o Governo apresentou um défice de 42 por cento, ou seja de 234 milhões de dólares americanos, dos 556 milhões necessários.
“Para fazer face a esta situação, o país tem que produzir, desenvolver o sector industrial, reformular o sistema do ensino, o sistema fiscal, ter uma estratégia nacional de desenvolvimento e diversificar a sua economia”, aponta o economista Aliu Soares Cassamá, para quem “também, precisa evitar o endividamento desenfreado, nomeadamente endividar para pagar salário, ao invés do investimento público".
Em concorrência a este cenário, está também a dívida pública da Guiné-Bissau, acrescenta o também economista Santos Fernandes, quem afirma que “o problema não está propriamente relacionado à dívida, em si, mas tem a ver com a gestão da dívida”.
Aliás, sublinha, “uma coisa é contrair a dívida e fazer boa gestão desta dívida, outra coisa é não ter uma dívida pública acentuada, mas o pouco que se tem arrecadado, não é bem gerido".
Ainda na perspectiva de reduzir a dependência externa, Aliu Soares Cassamá fala na estruturação da economia nacional, através do investimento no capital humano e a exploração das riquezas naturais existentes.
“Quando a riqueza que está no nosso subsolo for transformada em riqueza à superfície, com boas escolas, boas universidades, bons hospitais, com capital humano altamente qualificado, então poderemos dizer que a nossa economia está bem estruturado”, acentua Soares.
Outro aspecto a ter em conta é o ambiente político que, segundo Santos Fernandes, “não ajuda o país a sacudir o seu crónico fardo económico”.
“Quando o ambiente político não é favorável acaba por ter reflexos em termos de arrecadação das receitas, quer fiscais quer aduaneiras, e essa falta de capacidade de arrecadação acaba por impactar no financiamento do Orçamento Geral do Estado a nível interno”, sustenta.