Especialistas angolanos divididos quanto à decisão de Angola abandonar a OPEP

Símbolo da OPEP (OPEC em inglês) na sede da organização em Viena. (Foto de arquivo)

A decisão culmina várias semanas de crescentes tensões entre Angola e aquela organização que levaram Luanda a rejeitar uma decisão da OPEP de reduzir a quota de produção de Angola para 1,11 milhões de barris por dia.

Em entrevista à televisão estatal angolana o ministro dos Petróleos Diamantino Azevedo disse não ter sido uma decisão tomada de ânimo considerando que chegou a altura para sair, pois segundo indicou as posicões do seu govenro estavam a ser ignoradas.

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Especialistas discordam sobre saída de Angola da OPEP – 2:33

"O nosso papel na organização deixou de ser relevante e nós somos um país quando estamos presentes em qualquer organização, gostamos de estar lá pra contribuir e ver resultados que sirvam também os nossos interesses”, disse o ministro.

“Quando isto já não acontece, passamos a ser redundantes na organização e não faz sentido continuar”, acrescentou.

O economista Américo Vaz é de opinião que esta decisão de sair da OPEP tem influência dos Estados Unidos da América e é péssima para Angola.

"Angola neste momento está mais alinhada aos Estados Unidos da América, e não tenho qualquer dúvida que a medida resulta de uma pressão norte-americana porque quem dita as políticas na OPEP hoje são os russos e a Arabia Saudita”, disse sem contudo fornecer qualquer fato concreto sobre a alegada influência americana na decisão.

“Acho que Angola só perde oportunidade de ganhar com Know How, capacidades dos principais produtores de petróleo, acho que é uma decisão precipitada de Angola.", acrescentou.

Já David Kissadila especialista em gestão de políticas públicas entende o contrário.

"Angola não está a beneficiar daquilo que fez com que o país entrasse para a organização, não ter poder de decisão, paga regularmente as quotas de membro, não ganha nada, antes pelo contrário, foi melhor sair", disse.

Entendimento oposto tem o coordenador do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola, Heitor Carvalho, que , sem dados que corroborem a sua afirmação, também pensa ter sido uma decisão influenciada pelos Estados Unidos da América.

"Foi certamente por pressão dos EUA, para enfraquecer a OPEP”, disse.

“Acho que fizemos muito mal abandonar uma organização multilateral, por pressão de uma potência”, disse.

“Acho que não é do interesse de Angola, penso ser uma grande asneira, (pois) agora vai levar com a necessidade de estar à procura de mercado fora da OPEP, discordo com esta medida de Angola", acrescentoou.

Um outro economista que pensa de outra maneira é Nataniel Fernandes, que entende que Angola fez bem em sair.

"Nós tínhamos mais desvantagens em continuar na OPEP, esta organização impunha restrições que Angola era obrigadaa cumprir se bem que neste momento a produção petrolífera de Angola já não era lá grande coisa”, notou.

Com a saída da OPEP “temos mais vantagens temos mais liberdade de produzir o que quisermos.", acrescentou.