A União Africana, a Organização para Agricultura e Alimentação e o Fundo das Nações Unidas para a Infância divulgaram nesta semana o relatório intitulado “Visão Geral Regional da África de Segurança Alimentar e Nutrição 2021”, que revelou um aumento da pobreza extrema e da subnutrição em África.
No caso de Moçambique, a prevalência de subnutrição é de 31.2 por cento, uma situação que especialistas nacionais classificam de caótica.
Especialistas moçambicanos defendem um maior investimento na criação de condições para que as pessoas tenham acesso a alimentos que promovam a nutrição, através da diversificação e distribuição de produtos alimentares, como forma de resolver a situação da subnutrição no país.
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Máriam Abbas, pesquisadora e Coordenadora da Linha de Pesquisa do Ambiente no Observatório do Meio Rural, cujo trabalho tem incidido muito sobre a área de segurança alimentar, mudanças climáticas e sistemas de produção, diz que a situação da subnutrição crónica em Moçambique "é muito grave”.
Ela anota que, até muito recentemente, considerava-se que cerca de 43 por cento de crianças com idade inferior a cinco anos sofria de subnutrição crónica e depois da publicação do relatório sobre o Inquérito ao Orçamento Familiar-2019/2020, "e com base nesse relatório, percebemos que ainda existem 38 por cento de crianças em situação de desnutrição crónica".
Para aquela pesquisadora, vários são os factores que contribuem para esta situação, entre os quais dificuldades no acesso à água para consumo, saúde e educação, que ainda é limitado, "principalmente nas zonas rurais".
"Tendo em conta todos estes aspectos, e não olhando apenas para os números da desnutrição crónica que são muito elevados, mas também considerando todo o contexto social e económico moçambicano, eu considero a situação muito caótica", realça.
Entretanto, a activista social Graça Machel critica o discurso oficial de que o país é auto-suficiente em cereais, nomeadamente milho e arroz, sublinhando que isso não é suficiente para combater a subnutrição.