Há muitos anos que existiam alegações de que a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) não cumpre as regras do jogo limpo. Por isso, o anúncio de acusações formais de corrupção contra nove destacadas figuras da organização e cinco directores de companhias privadas não causaram muita surpresa.
Tudo começou nos Estados Unidos, com uma investigação do Ministério da Justiça, o Tesouro e a polícia de investigação (FBI) que acusa os envolvidos de conspiração, transferência ilegal de fundos e lavagem de dinheiro
Michael Kohn, presidente de um centro que se decida ao estudo e denúncia da corrupção, National Whistleblower Center, disse não ter ficado surpreendido pelas acções do Ministério da Justiça devido às grandes somas de dinheiro envolvidas na fraude
“As provas são aparentemente enormes e com isto envia-se a mensagem que quem se envolver em fraude nesta escala que poderá ser alvo do longo alcance das leis americanas”, disse
O presidente russo Vladimir Putin, cujo país vai organizar o mundial de 2018, acusou os Estados Unidos de se intrometerem em questões fora da sua jurisdição
“Esses funcionários da FIFA não são cidadãos americanos e se na verdade algo aconteceu isso não ocorreu em território americano e os Estados Unidos nada têm a ver com isso”, afirmou o presidente russo.
Para ele, "isto é mais uma tentativa descarada de estenderem a sua jurisdição a outros Estados”, acrescentou
A Rússia foi escolhida para organizar o Mundial de 2018 na mesma sessão em que o Qatar, que na ocasião não tinha sequer um estádio, mas foi seleccionado para organizar o evento de 2022.
Na altura foram de imediato levantadas suspeitas porque os Estados Unidos ficaram muito distantes na votação a favor do Qatar, disse à VOA Ives Galarcep, um jornalista especilizado em futebol.
“Do ponto de vista governamental penso que foi dada mais atenção à campanha do que em vezes anteriores”, afirmou, acrescentando que “era muito difícil ignorar a votação e afirmar que tudo tinha decorrido normalmente”.
Os esquemas de corrupção envolveram alegadamente a escolha da África do Sul para sede do Mundial de 2012.
Segundo as alegações, uma entidade sul-africana entregou 10 milhões de dólares ao então dirigente da confederação das Caraíbas, América do Norte e Central, Jack Warner, actual vice-presidente da FIFA.
O ministro do Desporto da Àfrica do Sul Fikile Mbalula respondeu dizendo que tudo não passa de especulação e que o seu país nega qualquer acto de suborno e corrupção.
Mbalula acrescentou, contudo, que o seu país informou o Governo americano que vai "seguir a questão pelos canais diplomáticos para verificar a acusação de que sul-africanos estão envolvidos”.
A realização do congresso da FIFA não servirá para amenizar o escândalo e é provável que sejam efectuadas mais prisões.