Escolha do PGR pelo Presidente angolano recebida sem surpresas em Luanda

Presidente da Angola João Lourenço durante uma conferência de imprensa no palácio presidencial da Casa Rosada, no âmbito da visita do Presidente da França Emmanuel Macron, em Luanda, a 3 de Março de 2023.

João Lourenço reconduziu Hélder Pitta Gróz no cargo

A decisão do Presidente angolano de reconduzir o cessante Procurador-Geral da República (PGR) Hélder Pitta Gróz, foi considerada por "irrelevante" por alguns especialistas ouvidos pela Voz da América, enquantou outros a veem com normalidade, porque dentro do determinado pela Constituição.
mas há quem defenda o contrário.

A escolha Pitta Gróz, o segundo segundo mais votado atrás de Inocência Maria Gonçalo Pinto, no Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público (CSMMP), não surpreende o jurista Manuel Cangundo, para quem o problema em Angola não está nos nomes, mas sim no sistema.

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Escolha do PGR pelo Presidente angolano recebida sem surpresas em Luanda

"O PGR em Angola obedece às ordens directas do PR, a lei orgânica da PGR define isso, ele pode dizer ao procurador quem deve ser processado e a quem deve ser arquivado o processo, PGR é como uma espécie de fantoche nas
mãos do Presidente da República, mas é um fantoche consciente porque ele aceita por causa da `barriga".

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Cangundo diz que "Pitta Gróz só vai ajudar a beliscar ainda mais a justiça em Angola, não acrescenta nada de novo, nem uma vírgula e se reparar Mota Lins foi preterido porque não se encaixa na vontade do chefe porque Mota Lins sempre foi
contra a forma como se está a combater a corrupção".

Quem também acredita que a recondução de Pitta Gróz não vai aquecer nem arrefecer é jornalista William Tonet.

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O também jurista entende que o problema é a forma como está estruturado o sistema de justiça.

"Muda o quê a indicação de Pitra Gróz? É mais do mesmo, quem manda hoje em tudo é João Lourenço, o sistema de justiça de Angola está doente, está na lama, quando um país na crise que se verifica prescinde de um nome como Marcolino
Moco que pode emprestar o seu farto saber jurídico e sua isenção neste momento de crise, ponto final parágrafo", concluiu o director do jornal Folha Oito.

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O também jurista Pedro Caparakata lembra que a PGR é um órgão eminentemente político, "não tem nada de jurídico" e sublinha que "vamos ser brindados com a continuidade de Joel Leonardo", o presidente do Tribunal Supremo.

Opinião diferente tem Avelino Capaco, professor e especialista em direito constitucional, que é de opinião que foi uma decisão acertada do Presidente
da República.

"Faz mais sentido a escolha de Pitta Gróz, como há muitos processos, ele melhor do que os outros candidatos para concluir os processos, é lógico, acho que era expectável, e o Presidente da República é livre de escolher o que mais lhe convém", aponta Capaco, lembrando que "a PGR é o representante legal do Estado, a PGR não é um órgão de justiça".

O mandato de Pitta Gróz expirou em Dezembro e só na segunda-feira, 24, foram escolhidos os três nomes enviados ao Presidente.