A uma semana do primeiro debate presidencial, a cena política americana está a atravessar um novo período de agitação agora devido à morte da juíza do Supremo Tribunal, Ruth Bader Ginsburg.
Nos Estados Unidos, o Presidente nomeia os juizes para o Supremo Tribunal que têm um mandado vitalício e essa nomeação tem que ser aprovada pelo Senado que realiza audiências com o candidato.
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Se no passado era normal os candidatos terem votos bi-partidários ao serem aprovados, a radicalização de posições nos últimos anos torna isso quase uma impossibilidade.
A pouco mais de um mês das eleições presidenciais e legislativas marcadas por discussões rancorosas de ambas as partes, a morte de Ginsburg e a nomeação de um novo juíz vai sem dúvida servir para aprofundar mais essas divisões.
Sharon Bream, que cobre o Supremo Tribunal para a cadeia de televisão Fox News, disse que esta nomeação tem um impacto maior do que as anteriores porque “isto é substituir a mais alta e forte líder do bloco liberal no tribunal nas últimas décadas por alguém que terá ideias filosóficas e judiciais completamente diferentes sobre como interpretar a constituição e o texto das leis”.
“(Quem for nomeado pelo presidente terá) uma filosofia totalmente diferente e portanto será substancialmente uma mudança maciça para o tribunal que está dividido nas principais questões”, acrescentou.
A morte de Gisburg deverá também mudar, pelo menos a curto prazo, o debate público e aqueles entre os dois candidatos
As últimas semanas da campanha eleitoral têm estado concentradas nas manifestações violentas que eclodiram em algumas partes do país, nas acusações de racismo institucional e na pandemia do coronavírus.
A dizer contudo que nas sondagens todos esses debates pouco ou mesmo nada modificaram o apoio de um e outro candidato.
Rahm Emmanuel, que foi chefe de gabinete do Presidente Barack Obama, diz que a introdução do novo tema não trará modificações.
“Eu penso que isto vai ter mais impacto nas eleições para o Senado do que na eleição presidencial”, disse.
Ao falar no mesmo programa na cadeia de televisão ABC , Chris Christie antigo governador republicano de Nova Jérsia não concorda e afirma que terá impacto nas eleições para o Senado, mas irá também afetar a corrida presidencial.
Para Christie, esta questão traz para o centro do debate a pergunta sobre em quem é que o eleitorado confia para escolher um possível novo juíz.
“Vai dar às pessoas muito que conversar antes do debate e penso que o debate (entre Donald Trump e Joe Biden) será agora um pouco diferente”, disse Christie.
O primiero debate presidencial é no próximo dia 29.
Não há qualquer dúvida agora que o Presidente vai anunciar a sua escolha ns próximos dias, independentemente da oposição dos democratas que argumentam que deverá ser o próximo Presidente a escolher o candidato ao tribunal.
Depois da escolha ser anunciada, caberá ao líder do Senado estabelecer um calendário para o debate e votação.
A seis semanas das eleições este processo terá que ser feito rapidamente.
Caso contrário, pode-se ter um cenário em que se os democratas ganharem o controlo do Senado nas eleições, tendo em conta que a posse dos senadores será só em Janeiro, uma maioria já derrotada irá escolher o novo juiz, que já se sabe será uma juíza.
E isso seria algo de inédito na história dos Estados Unidos.