Eritreia: Liberdade de imprensa banida e jornalistas punidos

Mapa da liberdade imprensa 2021 da organização Repórteres Sem Fronteiras. Paris, França, Abril 20, 2021.

Embora o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa seja uma celebração global, há pouco a comemorar na Eritreia, na África Oriental.

No ano passado, a Eritreia foi classificada na parte inferior do Índice Mundial de Liberdade de Imprensa da ONG "Repórteres Sem Fronteiras" (RSF) com sede em Paris - 180º de 180 países.

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Arnaud Froger, chefe do escritório da África na RSF, disse à VOA que o Presidente da Eritreia, Afwerki, aproveitou a atenção global para os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos para lançar um dos piores ataques à liberdade de imprensa no mundo.

Naquele ano, a Eritreia ordenou o encerramento de toda a imprensa independente - uma medida que surpreendeu os profissionais da media local.

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"Se um jornalista estrangeiro quiser reportar na Eritreia, não tem permissão para fazê-lo e, se for, será seguido e as pessoas que entrevistar serão monitoradas de perto pelo regime", disse Froger.

"Não há absolutamente nenhuma liberdade de informação e nenhum acesso à informação porque os jornalistas foram proibidos de fazer seu trabalho."

Ele acrescentou: "Todos os jornalistas fugiram do país ou foram presos enquanto outros enfrentam tortura."

Dados da RSF mostram que quinze jornalistas foram presos entre 2001 e 2011, enquanto os dados do Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) mostram que dezesseis jornalistas foram presos entre 2016 e 2022, tornando-se o país com o maior número de jornalistas presos na África Subsaariana.

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Propaganda uma ameaça global à media livre

Dawit Issak, um jornalista sueco-eritreu foi preso há vinte anos e detido sem julgamento.

A RSF disse que ele foi brevemente libertado em 2005, mas apenas dois dias depois foi "levado" da sua família. Issak foi mantido incomunicável pelo regime. De acordo com um grupo de especialistas da ONU, citando fontes confiáveis, o jornalista estava vivo em Setembro de 2020.

Tanto os "Repórteres sem Fronteiras" quanto o Comité para a Proteção dos Jornalistas reiteram os seus apelos pela libertação de jornalistas presos - que são rotulados como "prisioneiros de opinião/consciência" nesta nação da África Oriental.

Angela Quintal, coordenadora de programas do CPJ em África, disse à VOA: "Gostaríamos de ver todos esses jornalistas libertados e sair do estado de vigilância que existe, onde os jornalistas que permaneceram (na Eritreia) não estão em condições de prática."

"Infelizmente, não há sinais de que o Presidente Isaias (Afwerki), que é um autocrata, adopte tais reformas - incluindo um retorno à democracia multipartidária", disse ela, acrescentando que "a luta pela liberdade de imprensa não é apenas uma luta por jornalistas, (mas) também é uma luta para que os cidadãos gozem do seu direito à informação."

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa deste ano está a ser marcado com o tema ''Jornalismo sob o cerco digital". E com a taxa de penetração da Internet na Eritreia em menos de 2% - uma das mais baixas do mundo - Froger disse "isso não significa nada na Eritreia."

"Para visitar os cibercafés, as pessoas devem apresentar os seus cartões de identificação e tudo o que você faz na Internet deve ser monitorado pelas autoridades'', observou.