O julgamento do caso das dívidas ocultas, o chamado maior escândalo de corrupção em Moçambique, arranca na próxima segunda-feira, 23, e começam já a desenhar-se alguns cenários relativamente ao que poderá vir a acontecer.
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O jurista e investigador Borges Nhamirre, que se deslocou a Nova Iorque, para acompanhar o julgamento de Jean Boustani, em conexão com este caso, que envolve cerca de 2,2 mil milhões de dólares, vaticina que nenhum dos 19 arguidos será absolvido.
Veja Também Maputo: Ordem dos Advogados quer maior civismo no julgamento do caso das dívidas ocultasEntre os arguidos figuram Ndambi Guebuza, filho do antigo presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o ex-director-geral dos Serviços de Informação e Segurança do Estado, Gregório Leão.
Para Nhamirre, os cabecilhas deste escândalo, "serão condenados e vão continuar na cadeia, porque receberam grandes somas de dinheiro; os outros também vão ser condenados, mas vão cumprir as suas penas em caso, pelo que não acredito que alguém seja absolvido".
Processo autónomo
Entretanto, alguns sectores da sociedade civil dizem-se preocupados com o facto de ainda não ter sido instruido o processo autónomo contra algumas figuras presidenciais referenciadas por Boustan durante o seu julgamento nos Estados Unidos.
Veja Também Dívidas ocultas: Conselho Constitucional anula empréstimos da Proindicus e MAMContudo, Nhamirre diz que existe um processo, "e no recente informe da Procuradora-Geral da República, ela referiu-se a ele, afirmando existirem 10 réus, incluindo quatro estrangeiros, mas não sei em que fase se encontra em processo".
Na opinião daquele analista, os detalhes deste processo só serão conhecidos quando o mesmo for submetido ao tribunal, "e neste momento é difícil saber quem é quem nesta lista, mas penso que este julgamento que vai começar, no próximo dia 23, vai ser uma boa fonte que vai alimentar o processo autónomo".
Manuel Chang
Relativamente ao antigo ministro moçambicano das Finanças, Manuel Chang, que se encontra detido na África do Sul, a pedido da justiça americana, Nhamirre afirmou que Moçambique e o mundo "estão à espera que o ministro sul-africano da Justiça, tome uma decisão sobre a sua extradição para Moçambique ou Estados Unidos".
Veja Também Caso "dívidas ocultas": o papel do antigo ministro Manuel Chang no julgamento"Vai ser uma decisão política, mas se o governante sul-africano decidir extraditar Manuel Chang, isso vai afectar as relações políticas entre Moçambique e a África do Sul", realçou aquele investigador do Centro de Integridade Pública.
Chang foi detido em Dezembro de 2018, na África do Sul.