Ensino público não cumpre os seus próprios objectivos, diz presidente da Associação de Ensino Particular em Angola

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Presidente da Associação Nacional do Ensino Particular (ANEP), António Pacavira

O ensino público em Angola está politizado e não cumpre os seus prórpios objectivos, disse o presidente da Associação Nacional de Ensino Particular em Angola, António Pacavira.

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Ensino particular reune no Lubango – 2:28

Pacavira falava no primeiro de dois dias do 11º congresso internacional do ensino particular em Angola que arrancou esta quinta-feira, 03, no Lubango.

O ensino particular em Angola tem vindo a crescer com um cada vez maior número de escolas particulares a preencherem o vazio deixado pelo ensino publico que não responde às necessidades.

“ Repara que nós temos políticas públicas como merenda escolar que é fraca, transporte escolar é inexistente saúde escolar é inexistente, uniforme escolar é inexistente livro escolar é débil aparece mas não satisfaz”, disse Pacavira para quem dessas cinco políticas públicas “só uma funciona mais ou menos que é a do livro escolar”.

“Só por aí dá para reflectir e avaliar que a qualidade de ensino não é boa”, a crescentou afirmando ainda que “A educação deve ser mais técnica do que política (e esse) é um dos problemas que o país tem, o país valoriza o lado político do que o técnico”.

Presente no encontro o secretário provincial do Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF) na Huíla, João Francisco reiterou o apelo para que o executivo suba a dotação financeira para a educação no próximo Orçamento Geral do Estado (OGE).

O sindicalista lembra que o fraco investimento na educação tem consequências.

“ Quando nós estamos a olhar para o ensino particular que cresça estamos a aceitar a mercantilização do ensino o que não é aceitável”, disse.

“Um país como Angola não pode tender para esse caminho porque quem cria dificuldades no ensino público para que as crianças encontrem refúgio no ensino particular é o próprio governo”, acusou.

A directora do gabinete provincial da educação da Huíla, Paula Joaquim, admite que são necessários mais investimentos a começar pelas condições dadas aos professores.

“ Temos que reconhecer que é preciso dar condições aos professores e dar condições condignas e ao professor que trabalha no município”, disse

Os problemas na educação voltam a ser levantados numa altura em que o SINPROF e o ministério da educação deram início a negociações sobre um caderno reivindicativo com 11 pontos. Os professores não descartam uma paralisação ainda no primeiro trimestre do presente ano lectivo.