Analistas moçambicanos consideram crucial o encontro entre o Presidente Filipe Nyusi e o bispo de Pemba, Luiz Lisboa, para desanuviar a tensão e calar o ódio, após o religioso ter sido acusado nas redes sociais de supostamente estar a financiar o terrorismo em Cabo Delgado.
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Fernando Lima, analista e jornalista, observa que o gesto de Filipe Nyusi cala os críticos do bispo de Pemba e presta homenagem a uma das “vozes que mais se tem preocupado” com a população de Cabo Delgado, que há quase três anos sofre de agressões terroristas.
Veja Também “Foi um encontro bom”, diz o presidente Nyusi após reunir com o bispo de Pemba“Há que assinalar que foi o chefe de Estado que se deslocou a residência do bispo de Pemba, o que pode ser interpretado como um gesto de humildade”, após declarações do chefe de Estado “que davam entender que sente desconforto em relação aos críticos da situação de Cabo Delegado”, disse Lima.
A ativista Fátima Mimbire espera que o gesto do chefe do Estado de se distanciar da conduta “negativa e inadequada” dos seus conselheiros seja sincero, e que reconheça o bispo de Pemba como uma autoridade cristã que levanta o clamor da população de Cabo Delgado.
“Pode estar a fazer não porque propriamente ele se desassocia deste tipo de mensagens, pode estar a fazê-lo por uma questão politica, de reduzir o titulo reputacional negativo da associação dele a estas pessoas, o que eu espero é que seja uma demonstração verdadeira,” disse Fátima Mimbire.
Tensão Maputo-Vaticano
Por sua vez Sansão Nhancale, analista politico, observa que a reunião entre os dois lideres “apaziguou a tensão entre Maputo e o Vaticano”, e no lugar de “diabolizar” o bispo de Pemba era necessário cooperar, pelo papel que a igreja católica sempre desempenhou na pacificação de Moçambique.
Os analistas consideram que o país ficou com a imagem beliscada “com a destilação do ódio” perante um silêncio das autoridades, esperando por isso que deste encontro sejam revistas as comunicações ao nível da presidência da Republica e do partido no poder, para que não sejam associadas a eles declarações “desqualificadas e de grande baixeza”.
O encontro, a pedido do bispo, aconteceu poucos dias depois de circularem, nas redes sociais, textos assinados por indivíduos considerados promotores de Nyusi, sugerindo que o religioso era apoiante dos insurgentes que aterrorizam Cabo Delgado, devendo por isso ser expulso do país.