No acto de inauguração, no sábado, 30, do complexo industrial Carrinho de Benguela, com 17 fábricas instaladas, o Presidente angolano, João Lourenço, foi alertado para os riscos da «importação de pobreza» no país, benéfica só para estrangeiros que dominam o negócio da distribuição da cesta básica.
O investidor, responsável por oito por cento da importação em Angola, agora apostado numa produção mensal de 100 mil toneladas de alimentos, Nelson Carrinho, avisou ao Chefe de Estado que o país precisa de soluções nacionais, mas sem exclusão de outros operadores.
Ao movimentar 944 mil e 414 toneladas de mercadorias nos primeiros seis meses deste ano, o Porto do Lobito aumentou a cifra em mais de 55 mil toneladas em relação ao primeiro semestre de 2018, com a cesta básica como destaque das importações.
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Motivo de satisfação para uns, mas o empresário Nelson Carrinho, gestor do complexo industrial que custou quase 600 milhões de dólares, alerta para o que chama de sinónimo de pobreza e desemprego.
“Temos de parar de importar miséria. Quando chega um contentor com arroz ou farinha, estamos cientes de que estamos a importar miséria e desemprego. Estamos cheios de miséria no Porto do Lobito e esta oportunidade, senhor Presidente, pode estimular a industrialização’’, reforça Carrinho, que tem 15 fábricas de vocação alimentar, sendo moagens de milho e trigo, para a massa, refinação e enchimento de óleo, bolachas, margarina, ração animal e outros bens, e duas fábricas não alimentícias.
Fundada há 25 anos, a empresa obteve uma facturação de 2.4 mil milhões de dólares, cifra muito aquém de grupos que, conforme refere, não representam valor acrescentado para Angola.
Ele adverte que “os que importam 92% (cesta básica), que estão no nosso país há 15 anos e que já tiraram mais de 40 mil milhões de dólares, nem já um escritório em condições fazem”.
“Todos são bem-vindos, mas precisamos de soluções nacionais, ninguém vai fazer por nós’’, sublinhou o empresário.
O Presidente João Lourenço, presente no acto, diz ter noção de que o país deve deixar de importar os produtos acabados, daí o incentivo à actividade agrícola como fonte para a indústria.
‘’Temos vindo a nos queixar que os produtos do campo não são empacotados, não são processados … e chegou a parte industrial, com privados. Da parte do Executivo, todos os empresários que quiserem aproveitar os produtos do campo terão o nosso apoio’’, afirmou João Lourenço em Benguela.
Estão garantidos mil postos de trabalho no empreendimento da Carrinho, que promete levar ao Soyo, província do Zaire, um projecto similar, que vai produzir farinha de mandioca também para a exportação.
Angola, segundo dados oficiais, gasta todos os meses acima de 250 milhões de dólares americanos na importação de alimentos.