Empresas privadas devem fazer mais para apoiarem populações, dizem autoridades tradicionais angolanas

  • Agostinho Gayeta

Ango

As autoridades tradicionais angolanas querem a intervenção do Presidente João Lourenço para pressionar companhias privadas a assumirem maiores responsabilidades no apoio às necessidades sociais das populações onde desenvolvem a sua actividade.

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Empresas devem fazer mais para apoiar populações, dizem autoridades tradicionais - 19:08

A necessidade de mais apoio às populações carenciadas do país foi manifestada pelo Presidente do Fórum Angolano das Autoridades Tradicionais, Fernando Makapita para quem, as empresas que exploram recursos minerais, sobretudo no nortedeste de Angola não contribuem para o desenvolvimento social e económico onde estão inseridas. Esta é uma situação cujas autoridades tradicionais pretendem fazer chegar ao Presidente da República, de modos que o quadro seja invertido.

«Aqui em Luanda mesmo, no Bairro Malanjino há povos a passar mal, mas há instituições ali. Há jovens que têm vontade de estudar, mas não há empresas a auxiliar as famílias desfavorecidas a sustentar a sua formação», começou por dizer o responsável para quem «o quadro deve melhorar», uma vez que nas comunidades mais recônditas o quadro é mais grave.

«As empresas não ajudam e os sobas dos municípios de Kapenda Kamulemba e Kuango queriam vir aqui em Luanda) diziam que queriam falar com o Presidente da República porque as empresas que exploram diamantes não ajudam e disse para terem calma porque nós íamos lá ter para saber o que se passa”, disse.

“Estas empresas na altura de reunir a documentação para sua legalização prometeram fundos e mundos para as comunidades, mas hoje que estão a explorar não assumem as suas responsabilidades”, acrescentou..

Por ocasião da realização do V Fórum de Responsabilidade Social e Cidadania, a 24 de Maio em Luanda, o Provedor de Justiça Adjunto de Angola, Agnaldo Cristóvão, disse que os gestores das empresas devem “agregar à sua imagem o rótulo de entidades comprometidas e interessadas com as comunidades”.

O Presidente da ANEP – Associação das Escolas do Ensino Particular – defende um maior engajamento de outras instituições no que respeita a criação de oportunidade de melhoria da condição social das comunidades e da população carenciada.

António Pacavira referiu que no âmbito da responsabilidade social existem instituições que patrocinam os estudos de crianças desfavorecidas, mas o número ainda não é muito expressivo.

«Algumas empresas assumam a responsabilidade de pagar a propina de alunos carentes. Manda as famílias procurarem colégios bons, próximo da localidade onde habitam e são elas a assumirem (os custos) e mantêm a bolsa mediante o resultado”, afirmou Pacavira para quem “existem várias empresas ( que fzem isso) , mas deveriam ser mais”.

“Se cada empresa deste país assumisse duas ou três crianças, certamente estaríamos a fazer uma oferta maior», acrescentou referiu o gestor escolar para quem o contributo da ANEP no âmbito da sua responsabilidade social é contribuir para reduzir o número de crianças fora do sistema normal de ensino construindo e reabilitando escolas.

“É fundamental que as empresas implementem acções de responsabilidade social e beneficie os que mais precisam”, defendeu por seu turno a empresária Leonor Machado, mentora do Fórum de Responsabilidade Social e Cidadania, organizado pela The Bridge Global,

«É muito importante que uma empresa esteja saudável e funcione bem para que possa também contribuir também para a comunidade. Há muitas empresas em situação muito difícil, sabemos que as condições em Angola neste momento não são muito favoráveis, mas sabemos que há empresas que estão interessadas em fazer campanhas de responsabilidade social», referiu a empresária que aproveitou a oportunidade para denunciar a existência de falsas campanhas de comunicação sobre acções de responsabilidade social.