Empresas chinesas de construção que actuam em Benguela são acusadas de tortura no local de trabalho, abolição de férias e uma péssima remuneração, muito aquém do salário mínimo, aos trabalhadores angolanos.
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O Governo olha para as linhas de crédito da China como uma boa alternativa à crise, mas o Sindicato da Construção emite sinais de preocupação face às condições do trabalhador angolano.
Há quem já fale de escravatura com a marca do ‘‘gigante asiático’’.
Melhor do que a denúncia do Sindicato da Construção e Habitação, apresentada já ao Ministério do Trabalho, são depoimentos de quem convive com a realidade.
Um funcionário de uma empresa pública que conta com a parceria de chineses revelou à VOA várias das injustiças laborais que conformam o drama de jovens angolanos.
Um fardo pesado para quem não sabe o que é conjugar o verbo descansar
“Eles não têm sentido de humanismo, já que dão trabalho forçado sem remuneração condigna. Os trabalhadores angolanos não têm descanso, trabalham de segunda a segunda. Muitos, que saem de outras províncias, morrem em estaleiros destas empresas, sem assistência’’, denuncia a mesma fonte.
Como se não bastasse o conjunto de violações de direitos, o cidadão nacional é submetido a torturas sempre que, por um ou outro motivo, defrauda a expectativa do empregador
“Na sequência de um suposto desentendimento, um chinês agrediu um angolano com uma pá. Foram várias vezes, tendo o rapaz caído. Tivemos de intervir, chamando a Polícia, que depois levou o chinês a uma esquadra para aconselhamento’’, conta.
Nada que não seja do conhecimento das autoridades angolanas, a acreditar nas nossas fontes.
O secretário-geral do Sindicato da Construção e Habitação, Albano Caley, promete continuar a defender os seus filiados.
Afinal, a remuneração é de 8 mil kwanzas, metade do salário mínimo em vigor.
Caley diz que “há, efectivamente, muitos maus-tratos nas empresas chinesas”.
“A isto podemos acrescentar a falta de equipamentos de protecção e a má alimentação, mas vamos continuar a denunciar, apesar de termos já feito vários informes ao Governo’’, sublinha secretário-geral do Sindicato da Construção e Habitação.
Consultada pela VOA, a Inspecção Geral do Trabalho, o organismo governamental que vela por direitos e deveres de empregados e empregadores, diz não ter conhecimento de situações concretas.