Os conflitos de terras em Luanda têm sido frequentes nos últimos anos e o mais recente acontece num espaço de 309 hectares, numa zona nobre de Talatona.
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A disputa opõe camponesas que se dizem proprietárias dos terrenos desde 1978 e um projecto habitacional denominado Lar do Patriota, pertencente a generais das Forças Armadas.
O conflito já está em Tribunal mas enquanto decorre o processo, dizem as camponesas, os generais do Lar do Patriota mandam para o terreno forças policiais que maltratam as camponesas que cansadas da situação lançam gritos de socorro ao presidente da República.
São cerca de 530 camponesas filiadas na associação ANA Ndengue que desde 2009 travam uma batalha para reaver o que dizem ser os seus terrenos ocupados pela associação Lar do Patriota que contam, segundo contam as camponesas com apoio da polícia nacional.
O espaço em disputa no luxuoso município do Talatona é segundo a associação ANA Ndengue de 309 hectares e por ser numa zona nobre e cara envolve comandantes da polícia, generais do exército como diz Santos Adão o presidente da ANA Ndengue encarregue pela disputa do espaço em nome das camponesas.
"O presidente da república tem que ver isso, o comandante da polícia Rosário tem terreno aqui, o ex administrador do Talatona tem terreno aqui, administrador distrital, até os comandantes dos distritos da polícia também têm terrenos aqui, todos têm interesse no assunto", disse
Conceição Sabino é uma das camponesas proprietárias do espaço de 68 anos de idade e desde 1978 denuncia maus tratos protagonizados por elementos da polícia que diz estarem a mando da associação Lar do Patriota.
Ela diz estar agastada com a situação e pede ajuda.
"Quando eles vêm para aqui são sempre 15 carros de polícias nos batem, nos maltratam, nos rebolam, nos dão quedas”, disse.
“Na semana passada mamãs levaram surras caíram por cima dos seus terrenos nós queremos que o camarada presidente João Lourenço venha nos ajudar, estamos cansadas deste problema do Lar do Patriota", acrescentou
A administração de Talatona fez sair um documento da sua Fiscalização em posse das camponesas que proíbe qualquer tipo de obras no terreno enquanto o assunto está a ser tratado pelo tribunal mas ainda assim há incumprimento de uma das partes, diz Raimundo Gualdino da associação ANA Ndengue.
"Temos esse documento da própria administração do Talatona do seu serviço de fiscalização que manda suspender as obras enquanto o processo decorre em tribunal mas infelizmente uma das partes o Lar do Patriota prossegue com obras protegidos pela polícia que vêm para aqui com fortes aparatos maltratam as camponesas inclusive lançaram uma granada de fumo às mamãs", disse.
A VOA deslocou-se até à administração municipal do Talatona para falar com o administrador que se negou em receber-nos alegando, segundo uma de suas assistentes, que não tem nada a se pronunciar sobre esta matéria.
Tentamos igualmente contactar o porta voz da polícia Nestor Goubel que não respondeu a nossa chamada.