Em análise: Golpes de Estado e o retrocesso democrático em África

ARQUIVO - Pessoas acenam e tiram fotografias com homens fardados, momentos após a cerimónia de tomada de posse de Brice Oligui Nguema, como Presidente interino do Gabão, em Libreville, a 4 de setembro de 2023.

Analistas em Luanda consideram que os golpes de estados estão a confirmar o retrocesso dos processos democráticos em África. Para falar sobre o assunto, ouvimos o ministro angolano das Relações Exteriores, Téte António e o especialista em processos eleitorais, Luís Jimbo.

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Em análise: Golpes de Estado e o retrocesso democrático em África

A suspensão da República do Gabão das actividades da União Africana e seus órgãos, bem como da Comunidade Económica dos Estados da África Central, até retornar à normalidade da ordem constitucional, foi uma das decisões tomadas pelos chefes de Estado, que estiveram reunidos na Guiné Equatorial para avaliar mais este caso político.

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Longe de refletir uma solução para estabilidade naquele país, alguns especialistas em assuntos africanos, afirmam que as lideranças do continente têm se revelado incapazes de assumir pragmatismos nas suas posições e falta de moral política para alterar o rumo do continente e das suas populações.

A cimeira de Malabo, convocada na sequência do golpe de Estado ocorrido no Gabão a 30 de Agosto último e que depôs o Presidente eleito, Ali Bongo Ondimba, apelou à garantia da integridade física do líder deposto e sua família, assim como o asseguramento dos direitos fundamentais em todo o território nacional.

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Para os analistas que acompanham a situação social e económica da maioria dos estados africanos, a prática das respectivas lideranças tem sido de se perpetuar no poder, promovendo golpes constitucionais e adiando, cada vez mais, o sonho das suas populações.

O documento da cimeira extraordinária da Guiné Equatorial, pediu ainda a realização de eleições "livres, justas, credíveis e transparentes", que possam ser conferidas pela Missão de Observação Eleitoral da União Africana. Segundo especialistas contactados pela Voz da América, os processos eleitorais, recentemente realizados no Gabão e no Zimbabwe foram marcados por violações flagrantes e atropelos à vontade popular, sob olhar silencioso das organizações regionais do continente.

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Para o Ministro angolano das Relações Exteriores, Téte António, fala das decisões tomadas na cimeira de Malabo, mas não aponta soluções para se acabar com os golpes de estado.