Os boletins de voto ainda estão a ser contados em Moçambique, nesta quinta-feira, 10, um dia depois de uma eleição tensa, mas calma, em que Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos, já está a reclamar a vitória, tal como o partido no poder, a Frelimo.
“Esta manhã, devemos declarar a nossa vitória a nível nacional”, disse no Facebook Mondlane, de 50 anos, que durante a campanha apelou aos seus apoiantes para ‘saírem à rua’ para ‘reivindicar e defender esta pátria’.
Veja Também Moçambique: Arrancou a contagem dos votos, processo sempre marcado por tensão e desconfiançaPor outro lado, um observatório que se diz independente, mas que foi criado por apoiantes da Frelimo, fez circular consolidações com menos de 5% dos votos, nas quais o partido-estado, no poder desde a independência há 49 anos, saiu vencedor.
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A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem até 15 dias para anunciar os resultados dos votos que vão determinar o próximo Presidente e renovar o Parlamento e os governadores provinciais poderia levar até 15 dias para se consolidar.
Mas resultados muito parciais já estão circular nas redes sociais, com cada lado a destacar resultados promissores.
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“As primeiras tendências mostram um confronto entre a Frelimo e Venâncio”, diz o investigador do Instituto de Estudos de Segurança, Borges Nhamirre, quem lembra que "o que conta é o que a comissão eleitoral vai anunciar” como resultados consolidados.
Estas eleições realizam-se num contexto económico sombrio, enquanto os ataques de insurgentesno norte do país continuam a frustrar as esperanças da produção de gás natural no Oceano Índico.
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O projeto liderado pelo grupo TotalEnergies, inicialmente estimado num investimento de 20 mil milhões de dólares (18,25 mil milhões de euros), está paralisado desde 2021 em Moçambique, que continua a ser um dos países mais pobres do mundo.
Provar a fraude
Num país ainda assombrado por uma guerra civil (1975-1992), que custou um milhão de vidas e só terminou em 2019, com um acordo de paz final, a possibilidade de violência política preocupa muitos moçambicanos.
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Mas a rua “não vai seguir Venâncio cegamente, ele vai ter de provar a fraude”, diz Nhamirre.
No dia da votação, foram registadas irregularidades: eleitores vistos com dois boletins de voto na mão em vez de um, boletins de voto pré-preenchidos a favor da Frelimo interceptados, assessores da oposição à porta das assembleias de voto e assembleias de voto que fecharam apesar de as pessoas na fila insistirem que tinham chegado a tempo.
Mas não foram registados quaisquer atos de violência ou incidentes graves, segundo a CNE e observadores.
“É sobretudo agora que vai começar a fraude, com os resultados a serem publicados gradualmente”, sublinhou um analista que quis manter o anonimato.
“Se Venâncio mostrar uma liderança sólida, a situação vai tornar-se tensa muito rapidamente”, acrescentou.
Nas eleições de 2019, Frelimo obteve um resultado de 73 por cento.
Vários especialistas sugerem que a CNE poderá anunciar um resultado um pouco mais modesto desta vez, a fim de manter a Frelimo no poder, mas evitar a violência.
Durante as eleições autárquicas do ano passado, a oposição denunciou uma eleição “roubada”.
O Presidente cessante, Filipe Nyusi, apelou na quarta-feira a um ato eleitoral “calmo”, pedindo a todos que evitem “anunciar os resultados antecipadamente”.
Em Maputo, as escolas que serviram de assembleias de voto regressaram na quinta-feira ao alegre ruído dos seus recreios, enquanto os mercados voltaram à sua atividade frenética no meio dos engarrafamentos de trânsito.