Em 36 anos de poder, o Presidente angolano já teve na forja vários prováveis substitutos.
A mais recente aposta de José Eduardo dos Santos para o substituir apontava, nos meios políticos, para o actual vice-presidente da República, Manuel Domingos Vicente, que agora está a ser investigado num caso de corrupção em Portugal.
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Em conversa não gravada com a VOA, o cientista político Nélson Pestana Bonavena acredita que a possível orientação do Presidente para investigar os negócios de Manuel Vicente seja uma estratégia para depois apresentar o seu plano de ter como seu sucessor o filho José Filomeno dos Santos, actual presidente do Fundo Soberano de Angola.
Por seu lado, o jurista Albano Pedro afirma que, caso se confirme essa decisão do Presidente, ela pode ser considerada como "um gesto de boa vontade nas relações internacionais, por um lado, ao atribuir carta branca à justiça portuguesa, mas lembra que, por outro, não tem sido prática de José Eduardo dos Santos lutar contra a corrupção".
Por seu lado,o politólogo Domingos Palanga enaltece essa eventual iniciativa do Presidente da República e pede que os resultados sejam tornados públicos.
“Que não seja uma investigação que depois acaba engavetado porque interessa aos angolanos e também à imagem de Angola”, disse.
O processo em que o vice-presidente Manuel Vicente é citado decorre de um alegado pagamento, através da Sonangol, de 221,5 mil dólares ao procurador português Orlando Figueira, actualmente em prisão preventiva.
Segundo a acusação, depois desse pagamento a investigação aberta a Manuel Vicente foi arquivada.
O Ministério Público de Portugal disse em nota que o vice-presidente de Angola não foi indiciado no caso, mas reitera haver três pessoas sob investigação, entre elas o procurador Orlando Figueira e o advogado de Manuel Vicente, Paulo Blanco.