Patrick Vaz
Representantes de movimentos socais e ambientais, sindicatos e organizações sociais de países que têm a actividade mineradora como grande relevância preparam para o próximo ano novas estratégias para enfrentar as violações cometidas por empresas desse segmento em todo o mundo.
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Vários grupos engajados no assunto reuniram-se recentemente em Ouro Preto, cidade história do Estado de Minas Gerais, Brasil, para apresentar e denunciar os reflexos da actividade mineradora.
No V Encontro Internacional de Atingidas e Atingidos pela Vale do Rio Doce, também estiveram presentes representantes da Colômbia, Peru, Argentina, Canadá, Suíça e Moçambique.
A escolha da cidade-sede Ouro Preto deu-se por ela se localizar no centro do Quadrilátero Ferrífero, região mais afectada pela mineração no Estado.
Uma carta foi divulgada à sociedade apresentando as violações ao meio ambiente e aos trabalhadores que tiram o seu sustento nas minas, principalmente nos estados brasileiros do Pará, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O ambientalista Gustavo Gazineli diz que o maior impasse hoje é a livre concessão para as empresas explorarem o minério.
O solo já cortado por máquinas continua a ser alvo de novas empresas que atuam nesse segmento.
“É muito maior do que o território comporta, temos um grande número de minas licenciadas em territórios que não as suportam mais essa grande quantidade de minas", explica Gazineli, lembrando que "uma das pautas que vários movimentos discutem em relação ao novo código minerário é o estabelecimento de determinadas atividades e não permitir que várias minas operem ao mesmo tempo".
De acordo com o ambientalista, um reflexo já sentido pela população na Grande Belo Horizonte, Minas Gerais, por causa da exploração mineral desenfreada é a escassez no abastecimento de água.
“A actividade mineradora é depois do abastecimento público disparada a maior consumidora de água por aqui, o que provoca grandes problemas", revela.
Um deles, segundo Gazineli, é que a jazida de minério de ferro é também um aquífero, o mais poderoso naregião.
"Precisamos preservar uma parte das jazidas que são aquíferos profundos que fornecem muito mais água na época da seca do que os demais aquíferos", aponta, acrescentando haver outro problema "que é o complexo de exploração minerária, que engloba outras estruturas como as barragens de rejeito, áreas de beneficiamento e estradas que são impactantes para o meio ambiente”.
O ambientalista ainda questiona a intensidade empregada na exploração mineral no Brasil.
“Será que a gente tem que exportar esse percentual de minério de ferro que a gente produz? Há vários países no mundo que possuem jazidas de minério e que compram o nosso minério. Será que a gente não poderia diminuir essa intensidade da exploração para preservar o minério para gerações futuras?", conclui Gustavo Gazineli.