Partidos políticos e organizações da sociedade civil que lutam contra a corrupão e pela transparência em Moçambique defendem que o Presidente Filipe Nyusi deve ter o mesmo tratamento que as demais pessoas acusadas de envolvimento no escândalo conhecido por “dívidas ocultas”, caso se confirme que ele recebeu um milhão de dólares para a sua campanha em 2014.
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A revelação foi feita na quarta-feira, 20, em Nova Iorque, pelo intermediário da Privinvest, o libanês Jean Boustani, no negócio do empréstimo que privou o Estado moçambicano de dois mil milhões de dólares.
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O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) exige a demissão do Presidente da República.
"Isso tem implicações legais muito sérias, inclusivamente a possibilidade de o Presidente perder o mandato", afirma Adriano Nuvunga, director executivo do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD).
Demissão
No campo político-partiidário, António Muchanga, quadro sénior da Renamo, diz que se o Presidente Nyusi "estiver arrolado nesse processo das dívidas ocultas e se se provar que recebeu esse dinheiro, ele tem que estar onde estão os outros acusados pela mesma falcatrua, para garantir a igualdade de tratamento".
Para o Presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), Raúl Domingos, esta acusação tem implicações gravíssimas "porque receber dinheiro de dívidas consideradas ilegais, é uma ilegaldade que compromete a própria idoneirade da figura do Presidente".
O primeiro a reagir, no entanto, e de forma mais directo foi o MDM que pediu ao Presidente que coloque o cargo à disposição.
“O MDM exige que nas próximas 72 horas o Presidente da República, Filipe Nyusi, venha a pôr o seu cargo à disposição e que o Conselho Constitucional, como ainda não validou os resultados, possa declarar essas eleições [de 15 de Outubro] nulas”, afirmou Augusto Pelembe, chefe nacional adjunto de Informação do MDM, em conferência de imprensa, nesta quinta-feira, em Maputo.
Pelembe acrescentou que o partido vai “apelar para uma marcha a nível nacional”, para, segundo ele, “tentar persuadir esses senhores, para que possam renunciar ou colocar-se à disposição da justiça moçambicana".
Augusto Pelembe apelou às forças de segurança para que não tentem "calar a voz dos moçambicanos".
Não houve ainda qualquer reacção do Presidente Filipe Nyusi ou do Governo.