O antigo presidente do Conselho de Administração da ProIndicus, Ematum e MAM justificou o secretismo mantido na partilha de grande parte de dados acerca das empresas do calote em julgamento em Maputo, com a necessidade de encobrir a missão de espionagem que estava incorporada.
Falando nesta quinta-feira (7), António do Rosário, o último arguido a ser ouvido no caso das dívidas ocultas, apontou a Ematum, empresa constituída com a missão de pesca de atum, como o maior exemplo de camuflagem e secretismo, em prol da sua viabilização.
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“A nossa intenção é que quando a Ematum estivesse a operar, o seu pescado não fosse rejeitado no mercado internacional, alegadamente porque está ligado a ao sector da defesa, isso é sensível,” explicou o réu, no sentido de justificar a ocultação de informação.
Veja Também Dívidas Ocultas: Tribunal quer Jean Boustani em Maputo“Os serviços de defesa e segurança têm que encontrar engenharias para se auto sustentarem, criando coberturas credíveis, que, se alguém aparecer a querer nos denunciar, nós chamarmos de mentirosos", frisou.
Vender a pátria
Na mesma senda, justificou a recusa de ceder informações para a auditoria independente que esteve a cargo da multinacional Kroll, salientando que não convinha “vender a pátria”.
“A Kroll queria os nossos estudos, nossas avaliações. Nós conhecemos quem é a Kroll, se nós olharmos para aqueles que estão no Board da Kroll, veremos que são reformados dos serviços de inteligência,” disse.
Veja Também Dívidas ocultas: “Este julgamento é atípico” diz antigo director da Inteligência Económica da SecretaDepois das primeiras seis horas de audição caracterizadas por um comportamento calmo e sereno, António Carlos do Rosário, cumpriu o habitual intervalo para a sua oração e voltou para a segunda parte já alterado e não poupou críticas ao Ministério Público e ao julgamento.
“Eu já tenho um histórico e um passado de desconfiança em relação ao Ministério Público. A partir do momento em que uma instituição é usada para legitimar a presença de espiões no país, essa instituição não merece o meu respeito", disse o réu, que acusou a Procuradoria Geral da República de forjar provas.
“O povo tem que saber que estamos aqui diante de uma farsa” sentenciou o réu, em mais um ataque ao Ministério Público.
António Carlos do Rosário é o último arguido e, a partir da próxima semana, será a vez dos declarantes, onde se inclui o antigo Presidente da República, Armando Guebuza.