Dívidas ocultas: Autoridade diz ter recuperado 15 por cento do dinheiro desviado, especialistas duvidam

Valor "aquém do desejado" reconhece a autoridade

O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) de Moçambique diz ter já recuperado cerca de 15 por cento dos cerca de 2,2 mil milhões de dólares desviados no âmbito das dívidas ocultas, mas analistas não acreditam que seja possível a recuperação de todo o valor envolvido naquele que é considerado o maior escândalo financeiro do país.

Aquele gabinete reconhece que os 15 por cento recuperados, em valores monetários e bens móveis e imóveis, "estão aquém do desejado", sendo que o objectivo é recuperar a maior parte ou mesmo a totalidade do montante desviado.

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A economista Estrela Charles não acredita nessa possibilidade, sobretudo porque não existem mecanismos que permitam essa recuperação.

"Será extremamente difícil recuperar todo o valor, porque o Gabinete de Recuperação de Activos não está a funcionar", realça.

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Charles anota que o julgamento do caso "dívidas ocultas" não vai ajudar para o esclarecimento deste escândalo de corrupção, mas poderá ser uma lição para que os moçambicanos não permitam que casos como estes surjam no futuro.

Por seu turno, o analista Manuel Alves considera irrisório o valor recuperado, tendo em conta, sobretudo, o facto de que este calote aconteceu há vários anos.

"Não será possível recuperar esse dinheiro, justamente pela forma como esse caso foi orquestrado", pontua.

Por seu lado, o economista António Timba também não acredita na recuperação dos cerca de 2,2 mil milhões de dólares "porque uma parte do valor já foi usada".

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