O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, que julga o escândalo das dívidas ocultas, diz que vai ouvir, no próximo dia 28, o antigo Presidente moçambicano.
A informação é avançada pelo Jornal Notícias da capital moçambicana, que cita uma fonte do tribunal, como tendo afirmado que Armando Guebuza será a última pessoa a ser ouvida, como declarante, sem, no entanto, avançar detalhes.
Após dois adiamentos, há quem duvide que isso vá acontecer
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O editor do jornal Mediafax, Fernando Mbanze, diz que apesar de o ex-Presidente da República ter afirmado estar disponível para ser ouvido, como declarante, numa reunião do Conselho de Estado que autorizou a sua audição, não está claro que isso vai acontecer.
Mbanze anota que o calendário das audições de declarantes apresentado nesta semana pelo juíz indica que as mesmas vão até ao próximo dia 14" e ao nível do próprio Tribunal Judicial da cidade de Maputo, não está claro se o antigo Chefe de Estado vai ser ouvido ou não".
"Temos que enquadrar todas estas indefinições relativamente à data de audição do antigo estadista no âmbito das nuances de um processo jurídico mas que tem também contornos políticos", enfatiza aquele jornalista.
Refira-se que, inicialmente, a audição do Presidente Guebuza tinha sido marcada para Outubro, masdepois foi adiada para esta quinta-feira, 2, o que também não aconteceu.
Para José Tomo, funcionário público, estes sucessivos adiamentos têm objectivo, "fazer com que o antigo Presidente da República não seja ouvido pelo tribunal".
Por seu turno, o sociológo e analista político Moisés Mabunda diz não haver drama nos adiamentos, tendo em conta a dinâmica das audições, algumas das quais se prolongaram por dois dias, mas critica o facto de não se ter dado qualquer explicação relativamente à retirada do nome do antigo Presidente da República da lista de declarantes.
Mabunda realça que "nós ficamos indignados à espera de ouvir o que estava a acontecer, se foi distração do juíz ou se a omissão era tentativa de testar as águas e ouvir a opinião pública o que iria dizer no caso de retirar o antigo Chefe de Estado do grupo de pessoas a serem ouvidas pelo tribunal".
Para Moisés Mabunda, é fundamental que Armando Guebuza seja ouvido porque o escândalo das dívidas ocultas ocorreu durante a sua presidência.
O julgamento de 19 arguidos no caso conhecido por “dívidas ocultas” decorre desde 23 de Agosto.