Dívidas ocultas: Advogados evadem sessões de julgamento

Juiz Efigénio Baptista questiona Ndambi Guebuza, filho do antigo Presidente moçambicano Armando Guebuza, no caso "Dívidas Ocultas", 30 Agosto, 2021

Alguns causídicos negam haver boicote, mas reclamam de exaustão devido ao tempo das sessões

O julgamento das chamadas dívidas ocultas continua a registar contornos cada vez com ares de insólito em Maputo.

Desde a segunda-feira, 15, o 45o. dia de sessões, há cada vez menos advogados de defesa a comparecerem no tribunal.

Ontem, por exemplo, a sessão começou com apenas um advogado presente, o que deixou o juiz indignado.

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Dívidas ocultas: Advogados gazetam sessões de julgamento

"Esperei tempo considerável para ver se algum advogado chegava para ser o representante oficioso dos réus, mas até agora não chegou ninguém" disse o juiz Efigénio Baptista, quem mesmo assim decidiu que o julgamento deveria avançar.

Para piorar a situação, os próprios réus não sabiam do paradeiro dos seus defensores.

A maior disse desconhecer as razões das ausências e mostrava também a sua indignação.

Instantes depois chegou Isálcio Mahanjane, advogado com maior número de clientes (cinco no total), e acabou sendo nomeado o representante oficioso de todos os 19 arguidos.

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Esta situação é vista por alguns sectores da sociedade, como um acto de boicote ao julgamento, contudo, Sónia Tamele, advogada de um dos réus, nega que seja algo concertado e justifica a situação.

"Não há nenhuma intenção de boicotar este processo, muito pelo contrário, estamos todos interessados na descoberta da verdade material. A questão é que o tempo que acabamos levando nas sessões, onde por vezes saimos de madrugada, acaba afectando o desempenho", justificou Tamele.

Até hoje, foram ouvidos 18 declarantes, sendo que a espectativa está guardada para o próximo mês, altura em que serão ouvidos o actual ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, e o antigo Presidente da República, Armando Guebuza.