Um total de 200 cidadãos associados ao denominado Movimento do Protectorado Lunda Thokwe começam a ser julgados quinta-feira, 2, na cidade de Saurimo.
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A informação foi dada pelo advogado, Guilherme Neves, líder da Associação Mãos Livres, que fez saber que 81 arguidos respondem em liberdade condicional.
Os acusados, segundo Guilherme Neves, são acusados de crimes de associação criminosa, arruaça, rebelião, participação em motins e danificação de bens públicos".
O julgamento vai decorrer nas instalações da cadeia da Lusia, município do Saurimo, província da Lunda Sul, por alegadas "razões de segurança", segundo o líder da associação, numa breve nota enviada à Voz da América.
O advogado sublinha que o julgamento tem, no entanto, que ser aberto ao público.
O grupo faz parte dos mais de 200 cidadãos, que as autoridades angolanas mantêm sob detenção nas províncias do Cuando Cubango, Lunda Norte, Moxico e Lunda Sul, acusados de crimes de alta traição à pátria, de resistência e de danos contra bens públicos.
O advogado, Vicente Pongola, entende que só as audiências deverão determinar se o julgamento será ou não justo.
De recordar que o ministro angolano da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos "Liberdade", advertiu, anteriormente, que o governo “não vai permitir que grupos de cidadãos possam inverter a ordem”.
A manifestação em que os manifestantes foram presos visou, supostamente, apoiar o ato de proclamação da autonomia das Lundas orientado pelo cidadão angolano, Jota Filipe Malakito, líder de uma fação pró autonomia intitulada Manifesto Jurídico Sociológico do povo Lunda-Tchokwe (MJSPLT).
A organização, não reconhecida pelo estado angolano, foi citada, em Luanda, como tendo anunciado que após a autoproclamada "República das Lundas", será transformado no Partido Democrático da Defesa do Estado Lunda-Tchokwe (PDDELT).
Nos meses de outubro e novembro de 2023, centenas de pessoas foram detidas em Saurimo, Dundo, Moxico e Cuando Cubango, por susposta tentativa de rebelião e ocupação de instituições públicas.
Na província da Lunda Sul, a polícia alegou, então, que tinha dado instruções para que a marcha não prosseguisse, mas os manifestantes insurgiram-se, "criando rebelião e arruaças, arremessando pedras, paus, garrafas e outros objetos contundentes", tendo partido os vidros de dois carros-patrulha.