O antigo Presidente americano Donald Trump foi formalmente acusado nesta quinta-feura, 30, por um grande júri de Manhattan, em Nova Iorque, por suborno à estrela de filmes pornográficos Stormy Daniels, sendo assim o primeiro antigo Chefe de Estado a enfrentar acusações criminais, disse uma fonte policial.
As acusações, decorrentes de uma investigação liderada pelo procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, podem afectar a campanha presidencial de 2024.
Trump disse anteriormente que continuaria na corrida à indicação do Partido Republicano mesmo se fosse acusado de crime.
As acusações específicas ainda não são conhecidas, segundo jornal New York Times, mas Trump terá de viajar a Manhattan para impressões digitais e outros procedimentos.
O escritório do procurador Bragg e um advogado que representa Trump não reagiram ainda.
O caso
Um grande júri convocado por Bragg em Janeiro começou a ouvir evidências sobre o eventual suborno de Trump a Daniels, dias antes da eleição presidencial de 2016.
A conhecida atriz e directora de filmes pornográficos, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, disse que recebeu dinheiro em troca de manter silêncio sobre um encontro sexual que manteve com Trump em 2006.
O advogado pessoal do ex-Presidente, Michael Cohen, confirmou que Trump fez pagamentos secretos a Daniels e a uma segunda mulher, a ex-modelo da Playboy Karen McDougal, também revelou ter mantido um relacionamento sexual com ele.
Em ambos os casos, Trump negou qualquer relacionamento.
Os procuradores federais examinaram o pagamento de Daniels em 2018 e, na altura, o advogado Cohen fo condenado a três anos de prisão, tendo Trump saído ileso.
Implicações políticas
Nenhum ex-Presidente dos Estados Unidos ou em exercício enfrentou acusações criminais, o que acontece agora pela primeira vez Trump, que também tem pela frente duas investigações criminais por um advogado especial nomeado pelo procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, e uma por um procurador local na Geórgia.
Na campanha para a Casa Branca em 2024, Trump lidera as intenções de voto dos republicanos, com 43% de apoio, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos de Fevereiro, contra 31% do seu rival mais próximo, o governador da Flórida, Ron DeSantis, que ainda não anunciou sua candidatura.
No dia 18, Trump escreveu na sua rede social que esperava ser preso a 21 de Março e instou seus apoiantes a protestarem para "tomar a nossa nação de volta", lembrando suas exortações antes do ataque de 6 de Janeiro de 2021 ao Capitólio dos Estados Unidos.
Alguns importantes dirigentes republicanos já acusaram o procurador Bragg de processo selectivo com motivações políticas.
O presidente republicano da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, falou de "ultrajante abuso de poder por parte de um procurador radical" e anunciou uma investigação do Congresso sobre se o financiamento federal estava a ser usado para apoiar a investigação de Bragg e "subverter nossa democracia".
Três presidentes de comités republicanos da Câmara pediram a Alvin Bragg que lhes forneça comunicações, documentos e testemunhos sobre a investigação.