O Presidente da Guiné-Bissau rejeitou nesta terça-feira o elenco governamental apresentado pelo primeiro-ministro Carlos Correia e pediu que o reformule.
O líder do PAIGC já reagiu à VOA, considerando lamentável essa posição de José Mário Vaz.
Domingos Simões Pereira confirmou haver alertado a sociedade civil para informações que apontavam para a sua detenção.
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Uma fonte da Presidência da República disse à VOA na manhã de hoje que José Mário Vaz discorda do número de pastas do Executivo apresentado por Carlos Correia, 34, por ser um peso para as finanças do país e do facto de cerca de 80 por cento dos membros propostos terem integrado o Executivo por ele demitido em Agosto.
Vaz pediu ao primeiro-ministro que tenha em consideração os motivos que o levaram a demitir o Governo de Domingos Simões Pereira na hora de escolher os seus ministros e secretários de Estado.
Domingos Simões Pereira diz não entender como “se quer impedir o PAICG de formar o seu Governo, sendo o partido vencedor das eleições de 2014”.
Para o antigo primeiro-ministro, “não se compreende que se ponha em causa que o novo Governo tenha ministros do anterior Executivo, é o Governo do PAIGC que confirma assim o seu programa submetido ao povo e cujo plano estratégico e operacional foi sufragado a nível nacional e pela cooperação internacional”.
Simões Pereira mostra-se “preocupante com esta nova linha de impedimento”, mas acredita que “ao final do dia o bom senso irá imperar”.
Questionado sobre informações de que poderá ser preso, Domingos Simões Pereira disse não “confirmar nem desmentir”, mas adiantou que numa reunião do Buró Político “tinha sido proferido um conjunto de ameaças, na altura, pelo primeiro-ministro indigitado”.
O antigo primeiro-ministro denunciou que informações menos formais proferidas por membros do Governo de Baciro Djá, considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal, indicavam que “uma das estratégias que tinham sido definidas passava pelo aprisionamento do líder do PAIGC, tido como o principal obstáculo aos objectivos que essa ala tinha fixado”.
Domingos Simões Pereira também respondeu a acusações postas a circular em determinados sectores em Bissau, segundo as quais o antigo chefe de Estado-Maior das Forças Armadas Zamora Induta regressou ao país com orientações suas para organizar um golpe de Estado.
“Felizmente que há documentos que dão conta dos contactos que o contra-almirante terá feito antes de voltar ao país e quem quiser pode saber quem é que trouxe o contra-almirante e, eventualmente, quais os propósitos”, ripostou Simões Pereira.
Hoje, o presidente do PAIGC reuniu-se com a comunidade internacional para explicar as tentativas do seu partido em formar um Governo inclusivo, com membros do PRS e de uma ala do partido maioritário que não apoia a actual direcção. Ontem ele encontrou-se com a sociedade civil.
Domingos Simões Pereira acredita que a posição do seu partido “ficou esclarecida”.
No final do encontro, o representante da União Africana na Guiné-Bissau, Ovídio Pequeno, disse que devem ser atribuídas responsabilidades aos que "colocam em causa" os interesses do povo na crise política que afecta o país há quase dois meses.
Para Ovídio Pequeno, antes de tudo, deve haver um diálogo entre os líderes guineenses na medida em que, frisou, o país não pode continuar no impasse político em que se encontra desde a demissão, pelo chefe do Estado, do Governo eleito, a 12 de Agosto.